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Daniela Soto-Innes a melhor cozinheira do mundo, segundo a Restaurant

Prestigiada revista britânica escolheu uma chef mexicana de um restaurante de Nova York em seu ranking anual

Foto:Fiamma Piacentini
Foto:Fiamma Piacentini

Daniela Soto-Innes, chefe do restaurante Cosme, em Nova York, foi premiada no começo deste mês como a melhor cozinheira do mundo pela revista britânica Restaurant. Ela é aprimeira mexicana a chegar ao topo da lista 50 Best, publicada desde 2016, assim como a mais jovem: Soto-Innes tem 28 anos.

“A chef deixou de lado as receitas tradicionais e transformou toda a cozinha mexicana”, disse a revista no anúncio da lista. A Restaurant afirma representar uma academia com os 50 melhores restaurantes do planeta e é patrocinada por várias marcas de luxo.

Daniela Soto-Innes é da Cidade do México, mas migrou para os Estados Unidos quando ainda tinha 12 anos, quando começou a trabalhar na limpeza de um hotel da rede Marriott em Houston. Fez faculdade de gastronomia em Nova York e ali mesmo passou a trabalhar em pequenos estabelecimentos até conhecer o prestigiado chef mexicano Enrique Olvera,
que a contratou para gerenciar o Pujol, na capital do seu país. O sucesso imediato o fez chamá-la de volta a Nova York, desta vez para chefiar o Cosme.

Além dele, a mexicana ainda à frente do Atla, uma espécie de lanchonete que vende quesadillas e outras comidas de rua do México e que também é de propriedade de Olvera. Segundo ele, os dois devem abrir outro restaurante em Los Angeles em 2019, desta vez mesclando comida mexicana com ingredientes japoneses.

O restaurante mexicano no Flatiron, numa das travessas da Broadway, ficou famoso dois anos atrás, quando o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tuitou um grande elogio ao Cosme por causa de sua carne de pato e o guacamole vermelho. Foi quando o estabelecimento subiu às listas da elite mundial da gastronomia, chegando aos
rankings da Restaurant na mesma época. Segundo a publicação, Soto-Innes se destaca por ser, assim como Olvera, adepta de conceitos simples e “sabores limpos”. “É o contrário do batido Tex-Mex”, disse a revista.

No seu site, o Cosme se vangloria não apenas do elogio de Obama como de sua mudança sazonal de menus, que só mantém o merengue. “A cozinha mexicana tem que ter felicidade e diversão. Não pode ser levada muito a sério”, disse em um vídeo promocional após a vitória. Ela também aproveitou para exaltar sua equipe de trabalho, formada por migrantes latino-americanos e europeus — mexicanos, venezuelanos e russos que não tinham experiência na cozinha.

Segundo Soto-Innes, sua inspiração para cozinhar –como a imensa maioria dos chefs – veio da mãe e da avó. “Minha mãe é advogada, mas sempre quis ser cozinheira por causa da minha avó, que tinha uma padaria. Minha bisavó já tinha frequentado uma escola de cozinha. Em casa a gente tinha competições para ver quem fazia o melhor pastel, o melhor
ceviche, o melhor guacamole”, contou no mesmo vídeo.

Apesar de ser a primeira mexicana, Soto-Innes não é a primeira latino-americana a vencer o prêmio da Restaurant: em 2018, a ganhadora foi a peruana Pía León, chef do restaurante Central, em Lima — outra estrela da gastronomia mundial. O estabelecimento foi considerado o segundo melhor da América Latina e o quinto do mundo pela mesma
Restaurant em 2017.

A filosofia da cozinha do Central recupera a tradição pré-colombiana de intercâmbio entre as comunidades da costa, das montanhas e da selva, com ingredientes provenientes do nível do mar — como peixes e mariscos — até de 3,5 mil
metros de altitude.
No menu se destacam as vieiras temperadas e transformadas em casca com textura de merengue, enquanto os pratos são acompanhados com uma seleção de batatas peruanas adornadas com muña, uma espécie de hortelã andina, e aparas de alpaca — também um animal típico dos andes.