Cotidiano

Da festa às lágrimas

Foto: Aílton Santos
Foto: Aílton Santos

Véspera do feriadão de Carnaval, as 80 famílias que fazem parte da Cootacar (Cooperativa dos Trabalhadores Catadores de Material Reciclável de Cascavel) se preparavam para um churrasco no sábado (2), em comemoração à recuperação da associação. “Estávamos tão felizes… Todos ganhando seu dinheirinho. Pessoal conseguindo pagar as contas, cuidar da família… A nossa festa era para ser um momento de união e felicidade, mas o fogo acabou com nossa alegria, com nossos sonhos, com tudo”, conta Maria Brisola, uma das colaboradoras mais velhas da Cootacar.

Era pouco antes das 19h de sexta-feira (1º) quando um incêndio de grandes proporções destruiu os quatro barracões e um caminhão da Cootacar, além de esteiras, prensas, elevadores e balanças e muito material pronto para ser vendido.

O Corpo de Bombeiros ainda trabalha para identificar a causa do incêndio.

Hora de recomeçar

Após uma ação rápida da administração municipal, os trabalhadores foram realocados no Ecolixo, na Rua Manaus. E já estão trabalhando.

A demanda da cooperativa é grande, já que boa parte dos caminhões da Coleta Legal do Município levava os recicláveis para a sede que ficava na Avenida Piquiri no Bairro Brasmadeira.

“Trabalhávamos com seis esteiras, aqui estamos com só uma. Na medida do possível estamos separando tudo. O que não podemos agora é reclamar. Precisamos levantar a cabeça e pensar em uma solução para recomeçar”, disse Maria José Santos, que está há 20 anos na Cootacar.

Ela admite que não havia presenciado tragédia tão grande: “Eu chorei, chorei e chorei… Era o nosso ganha pão… Na hora que cheguei lá, na Cootacar, queria entrar para salvar nos equipamentos…”, conta, ainda abalada. Mas logo conclui: “Está sendo bem difícil, mas com Deus vamos conseguir”.

As 80 pessoas não tiveram problemas em dividir espaço com os servidores do Ecolixo. O local estava desativado pela prefeitura, pois o Ecolixo recebe somente volumosos, como móveis.

Cootacar precisa de ajuda

Os cooperados estão em busca de ajuda para se reerguerem. “Estamos vendo tudo o que é possível. Vamos conversar com Itaipu, com prefeitura, com a sociedade, para que juntos possamos reconstruir a Cootacar, que é a base do sustendo de mais de 800 pessoas”, explica a cooperada Maria José Santos.

Como funciona a Cootacar

Josefa Cordeiro Chagas é uma das mais antigas trabalhadoras da Cootacar e explica que a renda da cooperativa é dividida do seguinte modo: todos os cooperados têm o dia de trabalho registrado em um controle interno. Isso é preciso, pois no fim do mês são fechados os valores e o lucro é dividido pela quantidade de dias trabalhados. O pagamento é feito por dia trabalhado. Os rendimentos por família variam de R$ 300 a R$ 1,3 mil por mês.

Por Silvio Matos

ATENÇÃO

Além de doações de alimentos, roupas e calçados feitas diretamente no Ecolixo, a população pode doar dinheiro à Cootacar – processo que deve ser feito APENAS por meio da seguinte conta:

Banco: Caixa Econômica Federal

c/c: 70770

agência 0568

operação 003

Informações pelo telefone (45) 99931-8900