Cotidiano

Curta brasileiro sobre aldeia indígena vai a Berlim

males.jpgRIO ? Selecionado para a mostra Geração do Festival de Berlim (9 a 19 de fevereiro), o curta ?Em busca da terra sem males?, de Anna Azevedo, é uma obra infantojuvenil com a proposta de mostrar o cotidiano de uma aldeia indígena. Nesta entrevista, a cineasta, já premiada no festival com o curta documental ?BerlinBall? (2006), explica como surgiu a ideia de fazer o filme: Links Fest Berlim

Como você definiria ?Em busca da terra sem males??

A ideia principal era fazer um filme para crianças. Foi quando descobri a existência de uma aldeia em Maricá, habitada por guaranis que vieram do Sul e passaram por vários locais antes de se instalarem lá, onde estão há sete anos. O terreno não é deles, então vivem na região provisoriamente. É um filme que observa o dia a dia das crianças da aldeia, mas temos material o suficiente para um dia, quem sabe, transformá-lo num longa-metragem que toca também na vida adulta.

É um documentário de observação? Como foi a relação com os índios guaranis?

Não há entrevistas nem interferências minhas. É um documentário, mas com procedimentos de ficção. Há cenas que têm marcações e cenários, por exemplo. A abordagem, de forma geral, foi tranquila. A gente se aproximou da tribo a longo prazo. O processo começou quando encontrei a aldeia na internet, em 2014. Marcamos visitas e até rolou uma negociação financeira.

Que negociação?

Por exemplo, compramos uma vaca e dois bezerros para eles. Depois mergulhamos em pesquisas e nos aproximamos das crianças antes de começarmos as filmagens. Com o tempo, elas se sentiram mais à vontade. Tem uma coisa impressionante nessa tribo é que vários integrantes dela são artistas. Há uma índia atriz e até banda de forró. Por acaso, encontrei um universo de pessoas com sonhos artísticos, naturalmente ligadas à arte.

De onde surgiu seu interesse por crianças?

Tenho vários sobrinhos e sempre me dei bem com crianças. Eu fui a ?tia maluquinha?. Acho que aprendi a falar na linguagem delas.

Seu curta-documentário ?BerlinBall? já abordava a vida de crianças da Paraíba. Ele foi premiado com o troféu Berlin Today. Qual é a sensação de voltar ao festival?

Acho que o filme não poderia ter um início de carreira melhor, porque estamos falando de um dos maiores festivais de cinema do mundo. Além disso, a cidade e o festival, historicamente, têm uma preocupação política e humana, o que é coerente para esse tipo de filme. Os filmes brasileiros que estarão no Festival de Berlim 2017