Cotidiano

Cunha mantinha porta-retratos e quadros no apartamento funcional

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BRASÍLIA ? Quase 40 dias após ter seu mandato cassado na Câmara, o ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ainda usava seu apartamento funcional em Brasília como base para conversar com seus advogados e ainda tinha no local alguns porta-retratos e quadros da mulher Cláudia Cruz no local. Cunha tinha 30 dias para entregar o funcional e, em mensagem, disse no início desta semana que já tinha até entregue as chaves ao deputado João Carlos Bacelar (PR-BA), que ficaria com o imóvel. Foi na garagem do apartamento em questão que os agentes da Polícia Federal (PF) cumpriram a ordem de prisão de Cunha, na tarde desta quarta-feira.

Cunha prisão 19/10

Bacelar afirmou que Cunha realmente quis dar a ele a chave, mas que como ainda tinham uns últimos bens pessoais, como porta-retratos e quadros da Cláudia, preferiu não se mudar para o apartamento. Bacelar lamentou a prisão do amigo, disse que não conversou com ele nesta quarta-feira, mas que terá que ligar para Cláudia Cruz para tratar da mudança para o apartamento.

? Fiquei muito triste. Ele é forte, mas a família sente muito ? disse Bacelar, que contou que soube da notícia quando estava em audiência com o ministro Geddel Vieira Lima:

? Alguém entrou e falou. O Geddel gosta dele. Todo mundo fica triste.

Segundo interlocutores, Cunha estava em Brasília desde segunda e ontem percebeu que estava sendo seguido e acreditava que a prisão poderia ocorrer a qualquer momento. Na tarde de ontem Cunha teve uma longa reunião com seus advogados.

Cunha foi preso na garagem do apartamento funcional e pediu aos policiais federais permissão para subir e pegar sua mala, que estava pronta. Ele subiu acompanhado pelos policiais ao apartamento. Não houve comunicação oficial à Câmara de que os federais estavam entrando no funcional porque Cunha estava com eles. O ex-deputado ainda trocou mensagens com amigos perto de uma da tarde.

O apartamento funcional da Câmara fica em um bloco no final da Asa Sul de Brasília. Segundo informações da Quarta-Secretaria da Câmara, Cunha teria que ter entregue as chaves à Câmara e não ao deputado Bacelar porque há uma fila de espera para a ocupação de funcionais. Pelas regras da Casa, Cunha teria 30 dias para desocupar o imóvel. O prazo acabou no último dia 13 de outubro.

Ontem, o secretário Alex Canziani (PTB-PR), enviou aviso a ele, tanto no apartamento de Brasília, quanto para a residência no Rio, comunicando que ele estaria sujeito à multa diária até que as chaves sejam formalmente devolvidas. A multa diária é de R$ 141,77 porque toma como base o valor do auxílio moradia ( R$ 4.235,00), pago aos deputados que não têm apartamento funcional.

Segundo a assessoria da Quarta Secretaria faz o informe e, se o parlamentar insistir em não deixar o imóvel, a Advocacia Geral da União é acionada para entrar com ação judicial para reaver o imóvel.