Cotidiano

Cubanos dentro e fora reagem à morte de Fidel entre celebração e luto

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HAVANA ? Cubanos tanto dentro e quanto fora do país reagiram de maneiras opostas à morte aos 90 anos, do ex-presidente de Cuba e líder da revolução comunista, Fidel Castro. Enquanto exilados cubanos comemoraram em Miami, manifestações de pesar eram observadas na capital, em Santiago, no Chile, enquanto flores eram depositadas diante das embaixadas cubanas na Cidade do México, em Berlim e Londres. FIDEL

Em Miami, vários cubanos expatriados saíram às ruas para celebrar. No distrito de Little Havana, expatriados levaram panelas, bandeiras, camisetas e bonés. Os senadores republicanos de origem cubana Ted Cruz e Marco Rubio emitiram comunicados com termos duros, com o primeiro dizendo que ?a ditadura continua? e o segundo, que ?o dia é de honrar o povo que sofreu? sob o regime castrista.

? Eu estou derramando lágrimas esta noite, mas lágrimas de alegria ? disse à CNN Armando Salguero, colunista do “Miami Herald”. ? O inferno tem um lugar especial para Fidel Castro e existe uma vaga a menos no inferno esta noite.

As autoridades do condado de Miami-Dade já contavam com um plano de segurança há 20 anos para controlar a situação nas ruas no caso da morte de Fidel.

Já em Havana, o clima era de ressaca. O Malecón, a avenida à beira mar, geralmente muito movimentado, ficou rapidamente deserto. Na turística Habana Vieja, o efeito foi o mesmo: portas fechadas e muita gente na rua, digerindo a informação. Em vários pontos da cidade, a venda de bebida alcoólica foi suspensa.

A polícia fechou o acesso à Praça da Revolução, na capital, e o governo decretou nove dias de luto oficial. O jornal ?Granma?, órgão oficial do Partido Comunista de Cuba (PCC), demorou quase cinco horas para atualizar sua primeira página com a notícia que rapidamente se espalhou pelo mundo ? depois de tantos boatos, desta vez era verdade.

Cuba prepara funeral de Fidel Castro

LUTO DE NOVE DIAS

O luto nacional será de nove dias. De segunda a terça-feira, os cubanos poderão se despedir de Fidel na Praça da Revolução, em Havana, onde haverá um grande ato. “Durante a vigência do luto nacional cessarão as atividades e os espetáculos públicos, ondeará o pavilhão nacional a meio o mastro nos prédios públicos e estabelecimentos militares”, diz o texto divulgado pela imprensa estatal.

Único nome ainda vivo dos grandes protagonistas da Guerra Fria, Fidel encarnou o símbolo do desafio a Washington: o guerrilheiro de barba e uniforme verde oliva, que fez uma revolução socialista, marxista-leninista, a apenas 150 km do litoral dos Estados Unidos.

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Em abril, Fidel fez um discurso raro no último dia do congresso do Partido Comunista. Na ocasião, ele reconheceu a idade avançada, mas disse que os conceitos comunistas cubanos ainda eram válidos e o povo cubano “será vitorioso”.

Enquanto seus partidários o consideram o homem que devolveu Cuba ao povo, seus oponentes o acusam de suprimir brutalmente a oposição.

Em agosto, a festa de aniversário de 90 anos de Fidel Castro reuniu mais de 100 mil pessoas na capital cubana. Aposentado há 10 anos, o ex-líder era praticamente inacessível. Só recebia visitas esporádicas de personalidades em sua casa em Havana.

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A morte de Fidel Castro encerra 60 anos de história, marcada pelo seu desembarque em Cuba com um grupo de rebeldes do México, em 1956, para conduzir os guerrilheiros que derrubaram o ex-ditador Fulgencio Batista, em 1959.

Desde que se viu foi forçado a deixar o poder, em 2006, a principal atividade pública de Fidel Castro foi a publicação de artigos na imprensa cubana. Em março, dias depois da visita histórica de Barack Obama na ilha, ele publicou uma coluna na qual mostrou sua resistência ante a aproximação histórica com os Estados Unidos.

O Papa Francisco expressou pesar pela morte de Fidel, “líder de uma amada nação” e quem conheceu em 2015. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, reconheceu avanços nos campos da educação e saúde. “Eu espero que Cuba continue avançando no caminho da reforma e maior prosperidade”.

Fidel