Cotidiano

CSA: de maior empreendimento privado do país a fonte de prejuízo

2012 519892961-fotosCSA.jpg_20120522.jpgRIO – A Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) foi inaugurada em junho de
2010 com o selo de maior investimento privado feito no Brasil em mais de uma
década. O empreendimento custou US$ 8,2 bilhões e chegou a gerar 30 mil
empregos, ainda durante as obras. As expectativas para a gigante, no entanto,
foram frustradas após seguidos anos de prejuízo, o que levou a ThyssenKrupp a vender a companhia por ? 1,5 bilhão
para a Ternium, dona
da Usiminas.
Antes, a Vale, sócia no negócio, já havia vendido sua fatia para a alemã pelo
preço simbólico de US$ 1 ? parte de uma estratégia da mineradora de sair de
projetos pouco rentáveis.

Localizada em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, a CSA nasceu com a promessa de
produzir 5 milhões de toneladas por ano de placas de aço. Era uma época de bonança na economia brasileira: em 2010, o PIB nacional cresceu 7,5%. A empresa foi
concebida na gestão de Roger Agnelli, ex-presidente da Vale morto em um acidente
aéreo no ano passado. O executivo liderou vários investimentos da mineradora em
siderúrgicas no Brasil. A ideia era fomentar o mercado nacional para o minério
de ferro, principal produto da companhia. A siderúrgica, no entanto, já
registrou rombo de US$ 7,97 bilhões no primeiro ano de operação (o ano fiscal de
2011, entre outubro de 2010 e setembro de 2011).

A Thyssenkrupp
também teve perdas com o empreendimento. Em 2012, a unidade Steel Americas, à
qual pertence a CSA, apresentou baixa contábil de ? 3,6 bilhões. Na ocasião, a
alemã decidiu que venderia a usina de Santa Cruz, onde foi erguida a CSA, e se
desfaria da laminadora do Alabama, nos Estados Unidos, que era a principal
compradora da siderúrgica brasileira. No ano seguinte, a Thyssenkrupp vendeu a unidade no Alabama para um
consórcio formado pela belgo-indiana
ArcelorMittal
e a japonesa Nippon Steel. Mas não conseguiu passar a CSA à frente.

Desde então, Vale e Thyssenkrupp
negociam a saída da mineradora da sociedade. Originalmente, a Vale tinha 10% da
CSA, um empreendimento de ? 5 bilhões, à época, o maior investimento privado no
país. Em 2009, em meio à crise, a mineradora injetou ? 956 milhões na empresa,
elevando sua fatia a 26,87%.

A CSA também foi alvo de polêmicas trabalhistas e ambientais. Durante sua
construção, a siderúrgica foi acusada de importar mão de obra chinesa em
detrimento de engenheiros brasileiros. Após a inauguração, virou alvo de queixa
de moradores de Santa Cruz, devido à emissão de particulados que ficaram
conhecidos como ?chuva de prata?. Este e outros problemas ambientais levaram o
Inea a multar a empresa em R$ 28,5 milhões (parte
convertida em ações em benefício da comunidade).