BUENOS AIRES – Dois dias depois de o ex-secretário de Obras Públicas de seu governo, José López, ter sido preso tentando esconder mais de US$ 9 milhões num mosteiro, a ex-presidente Cristina Kirchner se dirigiu a seus seguidores através de uma carta publicada na rede social Facebook. No texto, Cristina afirmou que ?as palavras repudiar, rechaçar ou condenar não alcançam. Quero saber quem são, além do engenheiro López, os responsáveis pelo que aconteceu?. jose lopez
Mostrando-se totalmente alheia à situação do homem que comandou a obra pública em todo o país entre 2003 e 2015 (nos três governos kirchneristas), a ex-chefe de Estado disse entender ?os que estão doídos, como se alguém tivesse lhes dado um soco no estômago?.
?O dinheiro que o engenheiro López tinha em seu poder, alguém lhe deu. E não fui eu. Nem nenhum dos milhares de militantes que integram este espaço público. Que ninguém se faça de distraído. Nem empresários, nem juízes, nem jornalistas, nem dirigentes. Quando alguém recebe dinheiro estando na função pública é porque outra pessoa, do setor privado, lhe deu?.
Cristina assegurou, ainda, ?que esta foi uma das matrizes estruturais da corrupção ao longo de nossa História e da História universal?. A ex-presidente decidiu romper o silêncio em meio a críticas generalizadas, até mesmo de dirigentes políticos e defensores do kirchnerismo em diferentes setores, entre eles a cultura.
Cristina, como muitos ex-funcionários dos governos kirchneristas, enfrenta vários processos na Justiça. A ex-chefe de Estado está sendo investigada por suposta lavagem de dinheiro, manobras irregulares no Banco Central e enriquecimento ilícito, entre outras denúncias.
Para congressistas da aliança governista Mudemos, López atuava por ordens diretas do ex-ministro do Planejamento, o atual deputado Julio De Vido, homem do círculo íntimo dos Kirchner. 
