Cotidiano

Crescimento de Trump nas pesquisas aumenta preocupação dos mercados

RIO – A menos de uma semana para a eleição presidencial americana, uma pesquisa apontando Donald Trump vencedor preocupava nesta quarta-feira os mercados, enquanto Barack Obama aumentava os esforços para apoiar Hillary Clinton.

As principais bolsas europeias fecharam em queda nesta quarta-feira, na esteira dos fechamentos em baixa de Tóquio (-1,76%) e Hong Kong (-1,45 %), temendo uma vitória de Donald Trump, sinônimo para eles de grandes incertezas políticas e econômicas. Londres perdeu 1,5%, Frankfurt recuou 1,39% e Paris se desvalorizou em 1,12%. Os principais índices americanos também operavam em baixa às 14h45: Standard & Poor?s 500 caía 0,33%, Dow Jones recuava 0,13% e Nasdaq perdia 0,44%.

? O risco Trump ressurgiu e com ele um desconforto sobre como a política será conduzida nos Estados Unidos ? comentou à agência Bloomberg Chihiro Ohta, um corretor da SMBC Nikko Securities.

Uma pesquisa ABC-Washington Post apontou como vencedor o candidato republicano, pela primeira vez desde maio, com 46% dos votos, contra 45% para Hillary Clinton. As demais pesquisas de opinião pública ainda apontam uma vantagem para a democrata, mas a sua média estabelecida pelo site Real Clear Politics coloca Hillary a apenas 2,2 pontos à frente de seu adversário (45,3% contra 43,1%) nacionalmente.

E Donald Trump, que recentemente disse não acreditar nas pesquisas, voltou a citá-las para dizer que está ?em ascensão em todos os lugares?.

? Vamos ganhar a Casa Branca ? assegurou o republicano na terça-feira durante comícios em dois estados historicamente democratas, Pensilvânia e Wisconsin.

Após a reabertura pelo FBI do caso dos e-mails de Hillary Clinton na semana passada, Trump denunciou, apesar da ausência de qualquer informação nesse sentido, uma adversária ?que enfrenta crescentes problemas com a Justiça?.

Nesta quarta-feira, Trump deve seguir Hillary na Flórida, estado indispensável para o republicano, se quiser ganhar a disputa, com três comícios previstos para Miami, Orlando e Pensacola.

Hillary Clinton estará em Nevada e Arizona, dois dos dez estados onde a eleição será ganha. Enquanto o atual presidente Barack Obama, com uma enorme popularidade de fim de mandato (54% de acordo com a última média da Gallup), espera jogar o seu peso em favor de sua candidata. Ele estará nesta quarta-feira em Raleigh (Carolina do Norte), na quinta-feira em Miami e Jacksonville (Flórida), na sexta-feira em Charlotte (Carolina do Norte).

Hillary pensava que os últimos dias de campanha seriam dedicados a uma mensagem unificadora depois de uma campanha particularmente ofensiva que dividiu os americanos. Mas após o anúncio do FBI, ela mudou o roteiro, retomando os ataques contra Trump.

Na Flórida, a democrata de 69 anos tirou proveito de uma nova pesquisa divulgada terça-feira à noite apontando ela como vencedora, com 48% contra 40% entre os eleitores que já votaram na Flórida. Contudo, esta pesquisa TargetSmart e da universidade William & Mary é limitada a uma pequena amostra de eleitores.

A média das últimas pesquisas neste estado do Sul que é a loteria de todos os estados-chave variou bastante, com Trump à frente com 45,5%, contra 44,5% para Hillary.

Em um comício em Dade City, foi apresentada por Alicia Machado, ex-Miss Universo de 1996 que foi humilhada na época por Trump por ter engordado. Hillary listou a série de declarações ultrajantes, insultantes e sexistas de seu adversário.

? Ele passou a sua vida a depreciar, degradar, insultar e agredir mulheres ? disse ela, alertando contra um candidato que ?insulta mais da metade da população?. Ela também lembrou o vídeo onde Trump se vangloria de poder fazer tudo com uma mulher porque é famoso. Doze mulheres o acusaram de gestos sexuais impróprios.

Mais tarde, em Sanford, ela atacou o bilionário populista sobre seus impostos, denunciando um ?esquema duvidoso?, evocado pelo ?New York Times?, para não pagar impostos.