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Credenciamento emperrado ameaça plano contra apagões na Olimpíada

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Falta de credenciamento é o principal empecilho para o funcionamento do plano de contingência no caso de quedas de energia em competições da Olimpíada do Rio. De mil credenciais pedidas pela Light para viabilizar a operação, apenas 10 haviam sido aceitos pelo Comitê Rio-2016 até quinta-feira? outros 80 pedidos, todos para a Vila dos Atletas, receberam sinal positivo no fim da tarde de sexta.

Um mês para os Jogos – Parte I

A dificuldade foi confirmada pela Light, responsável por estações que fornecerão energia para pontos estratégicos, desde arenas esportivas até aeroportos e hospitais, além do sistema de geradores do Parque Olímpico da Barra.

No último mês, o governo federal liberou R$ 28,8 milhões justamente para garantir o funcionamento completo do plano olímpico da Light. Para garantir técnicos e equipamentos de reposição 24h por dia nas instalações olímpicas, é necessário credenciamento de funcionários e veículos de apoio. A logística emperrou no Comitê Rio-2016.

? O COI exige operadores humanos 24h por dia nos pontos estratégicos. Hoje (ontem) não tivemos ninguém no Parque Olímpico. Precisamos de equipes dentro dos locais para atender imprevistos com rapidez e eficiência ? explicou o diretor de Engenharia da Light, Dalmer Alves Souza.

APAGÕES EM EVENTOS-TESTE

Os apagões estiveram entre os principais motivos de preocupação em eventos-teste da Rio-2016, como os de ginástica e natação, realizados em arenas do Parque Olímpico da Barra, em abril. Em ambos, quedas de energia paralisaram as competições por cerca de 1h. À época, a Prefeitura do Rio apontou falhas na subestação olímpica da Barra da Tijuca, construída para atender o Parque Olímpico, ao custo de R$ 153 milhões, sob responsabilidade de Light e Furnas. A Light disse na ocasião que o problema era nos cabos de recepção de energia das arenas, que são responsabilidade do comitê Rio-2016.

Agora, a Light vive dificuldades para colocar em prática seu plano de contingência devido aos problemas no credenciamento, que também é responsabilidade do Rio-2016. Nesta semana, por exemplo, uma queda de energia na área do restaurante da Vila dos Atletas não pôde ser resolvida imediatamente devido à falta de técnicos de energia dentro do local, segundo a Light.

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Procurado, o Comitê Rio-2016 informou que se preocupa em fazer uma emissão racional de credenciais, e considera o pedido da Light acima do necessário. O comitê admitiu que o problema no restaurante, por exemplo, poderia ser resolvido em menos tempo caso houvesse uma equipe no local.

Por isso houve a liberação, na sexta, de 80 credenciais para a Vila dos Atletas, de acordo com o Rio-2016. Este foi um dos ajustes que o comitê promete fazer junto à Light para garantir a operação em pleno funcionamento durante os Jogos. Os organizadores dos Jogos, contudo, pretendem discutir a quantidade e até o tipo de credenciais, por entenderem que não é necessário um número tão grande de profissionais de energia presentes de forma ininterrupta nas arenas.

CONEXÕES A FAZER

Segundo o diretor da Light, é possível operar as subestações remotamente, sem a presença de um operador humano. No entanto, em caso de falhas ou até invasões no sistema, é imprescindível a presença de um técnico para religar os aparelhos. Se não houver um operador dentro de áreas esportivas, o jeito é deslocar um técnico das redondezas.

? O deslocamento dessa equipe, que é mais para emergências, dura em média 40 minutos. O ideal é ter no local o que chamamos de equipe pesada, com especialistas e equipamentos para cada situação ? disse Souza.

O comitê não estabeleceu data para encerrar os ajustes no número de credenciais junto à Light, mas garantiu que há margem confortável para discutir o assunto, apesar de faltarem duas semanas para os Jogos. Além dos sobressaltos na aplicação do plano de contingência, as conexões da rede de energia para o Parque Olímpico e a Vila dos Atletas, responsabilidade do Rio-2016, só ficarão prontos ?em cima da hora?, segundo uma fonte ouvida pela agências de notícias ?Reuters?.

A Light é responsável pela rede de energia externa às instalações. Da porta para dentro, as conexões devem ser feitas pelo Rio-2016. No caso da Barra da Tijuca, o back-up com geradores também é responsabilidade da Light, que teme problemas e demora no acionamento na falta de técnicos credenciados nas arenas. Nas outras três áreas olímpicas (Deodoro, Copacabana e Maracanã), os geradores são arcados pelo Rio-2016.