SÃO PAULO – Carlos Gribel, um corretor do Andbank ? o maior banco de Andorra ? baseado em Miami, tem um bom faro quando a questão é escolher vencedores no mercado de títulos do Brasil. Este ano, ele orientou clientes a comprar papéis de Banco do Brasil, Usiminas e Gerdau ? que estavam em queda. Quem seguiu o que ele disse foi recompensado com retornos de, pelo menos, 34%.
Agora ele faz uma aposta ainda mais audaciosa: recomenda comprar o US$ 1,8 bilhão de títulos emitidos pela construtora OAS, que está em recuperação judicial. Atualmente, esses papéis são vendidos entre US$ 0,01 e US$ 0,02, refletindo como eles são vistos no mercado como algo com pouco valor.
Mas, para Gribel, os investidores estão subestimando o valor do débito. De acordo com os cálculos do corretor, esses papéis podem chegar a US$ 0,20 ? uma alta de 1.900% quando se considera o valor de US$ 0,001 ? se os credores venderem a participação de 24% que a OAS tem na empresa de infraestrutura Invepar.
? A OAS é, de fato, uma aposta arriscada, mas qualquer sucesso com uma venda da Invepar é totalmente vantajosa a esta altura ? disse Gribel, acrescentando: ? Eu acho que isso é só muito barato e muito bom para ignorar.
BILHETE DE LOTERIA
A fatia na Invepar, que opera o principal aeroporto internacional de São Paulo, Guarulhos, vale entre R$ 1 bilhão e R$ 2,5 bilhões, segundo cálculos de Gribel. A Brookfield Asset Management ofereceu R$ 1,35 bilhão por essa participação, mas retirou a proposta em fevereiro citando tentativas frustradas de chegar a um acordo com os acionistas.
David Tawil, co-fundador do hedge fund Maglan Capital, acredita que ainda há muitas questões sem respostas no momento para apostar na OAS:
? O quão bem os hedge funds vão trabalhar com os fundos de pensão estatais (ambos credores da OAS)?. Os fundos de pensão serão mais focados em proteger o emprego? Os hedge funds serão mais agressivos nos esforços para cortar custos? Eles entrarão em conflito? Este é um bilhete de loteria.
