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Corpos de vítimas de voo da Chapecoense são enterrados pelo Brasil

Depois do emocionante velório coletivo de sábado, na Arena Condá, os corpos das vítimas do voo da Chapecoense começaram a ser enterrados neste domingo. O atacante Bruno Rangel, o goleiro Danilo e o zagueiro Marcelo foram alguns dos jogadores que foram sepultados nesta tarde. Já o técnico Caio Junior foi cremado em Curitiba.

O goleiro Danilo foi velado em Cianorte, no noroeste do Paraná, onde mora a família do jogador. Centenas de pessoas, entre familiares, amigos e moradores de Cianorte acompanham o velório. Danilo era um dos ídolos da Chapecoense e foi um dos heróis da classificação da equipe catarinense para a final da Copa Sul-Americana. O clube disputaria a decisão na quarta-feira passada, contra o Atlético Nacional, quando o avião que levaria a equipe para Medellín caiu na Colômbia, causando a morte de 71 pessoas. Na noite deste sábado, o time colombiano fez uma emocionante homenagem à Chapecoense durante a partida do Campeonato Colombiano contra o Independiente Santa Fé.

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Além dos parentes e amigos, o velório também contou com a presença de atletas e dirigentes do Cianorte, onde Danilo começou a jogar em 2003. O clube anunciou que em memória ao goleiro não vai utilizar a camisa número 1 durante as competições em 2017. No trajeto do local do velório, o Centro de Eventos Carlos Yoshito Mori, para o cemitério municipal, o cortejo passou pelo campo onde o goleiro começou no futebol. O enterro aconteceu por volta das 16h.

No Paraná, Danilo ainda defendeu o Engenheiro Beltrão (2006), Cianorte (2006-2007), Nacional (2008), Paranavaí (2009), Operário Ferroviário (2009-2010), Arapongas (2010-2011) e Londrina (2011-2013).

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Em Curitiba, o corpo do técnico Caio Júnior foi velado na Igreja dos Passarinhos. Antes do início da missa de corpo presente, torcedores fizeram uma homenagem ao treinador com cantos e sinalizadores em frente à igreja. Torcedores ainda gritaram ?Vamos, vamos, Chape!?.

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A missa conta com a presença de amigos, familiares, do técnico Cuca e do ex-jogador Ricardinho e Sérgio Prestes, que foi auxiliar do treinador.

– Construímos amizade. Na verdade amizade não constrói, são afinidades que se cultivam. Cultivamos desde 97, quando ele estava parando de jogar e eu iniciando. Eu tive o prazer de jogar com ele e me tornar amigo. Infelizmente a gente perde um bom amigo. Guardo as melhores lembranças possíveis. Acho que ele vivia o melhor momento como técnico. Estava muito feliz e à vontade. Ele se sentia bem e falava disso. Infelizmente ele não pode concretizar a felicidade com a conquista do título. Teve essa tragédia e ficamos muito tristes – disse Ricardinho, em entrevista para a ?Fox Sports?.

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Prestes também estava muito emocionado.

– A ficha ainda não caiu. Parece um filme. Passa a dor e ficam as boas lembranças que o Caio deixou. O Caio era um amigo muito sincero e solidário.

Depois, ainda durante a tarde, o corpo de Caio Junior seguiu para o cemitério Vaticano, para uma cerimônia reservada antes de ser cremado.

Ainda na capital paranaense, mas no cemitério Iguacu, o analista de desempenho da Chapecoense Luiz Felipe Grohs, o Pipe, foi enterrado no fim da tarde.

Em Chapecó, todos os 16 corpos de pessoas da cidade já foram enterrados. O último deles, foi o do presidente da Chapecoense, Sandro Pallaoro.

TROCA DE AGRESSÕES EM VELÓRIO

O velório do lateral-direito Gimenez, em Ribeirão Preto, teve muita emoção. No estádio do Botafogo, clube que ele defendeu em 2014 e 2015, torcedores do Comercial e do Botafogo se uniram para cantar o nome do jogador, amenizando um pouco o clima de tristeza pela perda do jovem de 21 anos.

Aos prantos, a avó do jogador, dona Maria Aparecida Miranda de Souza, debruçou-se sobre o caixão e lamentou a morte do menino.

? Por que você vai deixar a avó, meu filho? Tanta luta para nada. Por quê? ? repetia.

Mas o velório também foi marcado por uma discussão. A mãe do jogador, Rosana Gimenez, e a viúva dele, Patrícia, começaram a discutir por causa da proximidade do caixão, dando início a um tumulto.

As duas não teriam um bom relacionamento e começaram a discutir depois que Patricia solicitou que o local fosse reservado para ela por 15 minutos. Foi quando amigos e familiares deixaram a tenda improvisada no gramado do estádio. Mas cerca de dez minutos depois, a mãe de Gimenez entrou e pediu para todos a acompanharem. Foi quando as duas trocaram agressões até serem apartadas por amigos e familiares de Gimenez. Logo depois, as duas deixaram o local amparadas e aos prantos.

ENTERROS NO SUL

Só no Rio Grande do Sul foram enterradas onze vítimas do acidente. Cinco jogadores e três membos da comissão técnica da Chapecoense, além de três jornalistas. Entre os atletas, estavam o lateral-esquerdo Dener, o atacante Everton Kempes, o zagueiro Filipe Machado e os volantes Josimar e Matheus Biteco. O diretor de futebol Eduardo Preuss, o Cadu, Adriano Bittencourt, segurança do clube e Rafael Corrêa Gobbato, fisioterapeuta, também tiveram seus sepultamentos no estado. Mais três jornalistas, Laion Espíndola, Giovane Klein Victória e Renan Agnolin.

Já o corpo do volante Cleber Santana foi velado na Ilha do Retiro, em Recife. Depois, às 16h, o jogador seguiu até o cemitério Morada da Paz, na cidade de Paulista, na região metropolitana da capital pernambucana, onde foi cremado.

O meia Arthur Maia foi enterrado em Maceió, por volta das 18h, no Campo Santo Parque das Flores. Antes, o corpo do jogador havia passado em cortejo pela capital alagoana, onde recebeu aplausos. O zagueiro Thiego foi velado na casa da avó, em Aracaju, em Sergipe. Na sequência também seguiu em cortejo pelas ruas da cidade, inclusive passando em frente ao Sergipe, clube que formou o jogador. O enterro aconteceu às 17h, no cemitério Colina da Saudade.

O cinegrafista da TV Globo Ari Júnior, que havia sido velado na sede do Botafogo, no Rio, foi transferido para Goiás, onde aconteceu um cortejo e uma missa na cidade de Trindade, neste domingo. Depois de passar pela sede do Goiás Esporte Clube, seu time de coração, ele foi sepultado no Cemitério Parque Memorial, em Goiânia, por volta das 18h50m.

No Rio, o cinegrafista da Fox Sports, Rodrigo Santana, foi velado em cerimônia restrita a familiares e amigos próximos, na madrugada de sábado. Na manhã deste domingo, foi enterrado no cemitério Jardim da Saudade, em Paciência.

Os enterros dos jornalistas Deva Pascovicci e Lilácio Pereira Jr., ambos da Fox Sports, aconteceram no interior de São Paulo, em Monte Aprazível e Mirassol, respectivamente. Também da Fox Sports, os jornalistas Paulo Julio Clement e Victorino Chermont foram sepultados no cemitério São João Batista, em Botafogo. Clement foi velado na sede do Fluminense, time pelo qual torcida. Já Chermont, rubro-negro, na sede do Flamengo, na Gávea. Os dois velórios foram cercados de muita emoção e tristeza. Do mesmo canal, o ex-jogador e comentarista Mário Sergio foi cremado no sábado, em Itapecerica da Serra.

O lateral Caramelo foi enterrado neste domingo em Clementina, também em São Paulo. O corpo do zagueiro Marcelo foi sepultado no cemitério municipal de Juiz de Fora, Minas Gerais, aos gritos de “o campeão voltou”.

Já o velório do atacante Bruno Rangel, maior artilheiro da história da Chapecoense, aconteceu na Câmara Municipal de Campos. De acordo com a Guarda Municipal, cerca de 40 mil pessoas estiveram presentes. O sepultamento aconteceu às 17h30m, no cemitério Campo da Paz.

Também no interior do Rio, em Bom Jardim, foi enterrado neste domingo, por volta das 17h15m, o atacante Thiaguinho, que uma semana antes da tragédia descobriu que seria pai.