Cotidiano

Coreia do Sul cria (e logo tira do ar) site que mostra onde estão as mulheres férteis

63547844_A journalist watches a screen showing a press release from the South Korean Ministry of.jpgSEUL ? O governo da Coreia do Sul lançou um site que mostra onde se encontram as mulheres mais férteis do país, mas, após uma chuva de críticas, tirou a página do ar poucas horas depois, nesta sexta-feira.

O site consistia em uma mapa cor-de-rosa que mostrava a distribuição das mulheres com idades entre 15 e 49 anos pelo território sul-coreano. A iniciativa era parte dos esforços do governo para incentivar um aumento na taxa de natalidade, em constante queda por lá.

Ministros sul-coreanos justificaram que o site “foi criado para incentivar os governos locais a aprenderem [sobre o tema], compararem os benefícios de [iniciativas de] outros governos e promoverem a livre concorrência”.

Os cidadãos não pouparam críticas. Muitos reclamaram que a página tratava a taxa de natalidade como um problema relacionado apenas às mulheres, porque não havia informações sobre homens no site. A escritora e ativista feminista Lee Min-kyung, de 24 anos, mostrou sua indignação nas redes sociais.

? Eu fiquei com muita raiva porque isso mostrou abertamente que o governo vê os corpos das mulheres como ferramentas reprodutivas do país, e não como algo que pertence à própra mulher ? criticou ela.

No site, os usuários também podiam verificar qual a idade média do casamento em cada região e quais benefícios as autoridades locais poderiam lhes oferecer se tivessem um filho.

A Coreia do Sul já tentou uma série de métodos para aumentar a taxa de natalidade, incluindo a repressão de abortos ilegais e o ato de apagar as luzes em prédios de escritórios mais cedo para incentivar os trabalhadores a irem para casa.

O país tem uma das taxas de natalidade mais baixas do mundo, com 1,30 nascimento por cada mulher, de acordo com o último levantamento, feito em 2012. Número significativamente menor do que há 50 anos, quando a taxa era de cinco filhos por mulher. Membros do governo temem que uma força de trabalho encolhida atingirá o crescimento econômico do país nos próximos anos.