Cotidiano

Copel vai operar microrredes com geração distribuída

Concessionária obteve autorização da agência reguladora para abrir chamada pública específica para essa modalidade, com projeto inédito no setor

Copel vai operar microrredes com geração distribuída

A Copel lançará, em breve, chamada pública para contratação de energia proveniente de acessantes de geração distribuída. A autorização, inédita no Brasil, foi dada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), mediante solicitação feita pela Companhia para implantar um projeto-piloto de compra de energia proveniente de geradores conectados ao sistema de distribuição, com o objetivo de obter benefícios de disponibilidade do fornecimento e otimização de recursos.

A iniciativa deve atrair produtores independentes de energia de pequeno e médio porte, incluindo minigeradores. Para vender energia à distribuidora, no entanto, eles terão de atender ao requisito de constituir uma microrrede.

Microrredes são sistemas elétricos independentes, uma espécie de “ilha de energia”, na qual a geração, o armazenamento e o consumo podem funcionar conectados ou não à rede de distribuição. “Este é um tema estratégico para nós, que nos leva a quebrar paradigmas e, como vantagem, oferece os benefícios dessa modalidade de geração. Por isso o pioneirismo da Copel nesta abordagem”, afirma o presidente da Companhia, Daniel Slaviero.

COMO VAI FUNCIONAR – Os geradores que farão parte das microrredes poderão vender a energia gerada para a Copel e, com isso, alimentar um grupo de consumidores próximos.

A distribuidora fica responsável pelo controle e segurança da operação. Uma manobra bastante promissora em casos de contingência, uma vez que, enquanto a distribuidora repara a rede, ela pode isolar o sistema e manter o consumidor abastecido.

“É muito interessante para a melhoria dos índices DEC-FEC, que refletem diretamente na qualidade do serviço que prestamos”, avalia o diretor-geral da Copel Distribuição, Maximiliano Orfali. As siglas DEC-FEC referem-se aos indicadores que aferem a continuidade do fornecimento de energia pela agência reguladora. “Tanto que vamos focar a chamada em propostas de geradores estabelecidos nos locais onde temos meta de melhoria desses índices”, diz o diretor.

O edital deve abranger acessantes que gerem de 1 a 30 MW, sem restrição da fonte geradora. Os proponentes terão de dar garantias de sustento da rede e controle sobre a potência por pelo menos 5 horas ininterruptas – critério estabelecido com base no tempo médio de atendimento da Copel nas regiões priorizadas.

“Temos aí um público-alvo formado por uma gama de produtores independentes de energia de baixa e média potência. São alguns dos agentes sustentados pela Resolução 482 (marco regulatório da Aneel para micro e minigeradores), que podem compensar energia de outras contas, mas também centrais geradoras hidrelétricas (CGHs), pequenas centras hidrelétricas (PCHs) e centrais geradoras térmicas (CGTs), entre outras”, explica o superintendente de Smart Grid e Projetos Especiais da Copel, Julio Omori.

BENEFÍCIOS – Dentre as vantagens esperadas, tem-se maior confiabilidade e resiliência da rede, redução de perdas técnicas e aumento da qualidade da energia fornecida, bem como postergação de investimentos na rede de distribuição. “Os custos mais altos da energia proveniente de GD tendem a ser compensados por estes benefícios, o que nos sugere que teremos vantagens econômicas, além de darmos um importante fomento aos acessantes de geração distribuída do Estado”, avalia o superintendente. “Isso sem falar que este é um passo fundamental rumo à era das redes inteligentes, já que exige monitoramento e acesso por parte da distribuidora ao sistema de controle do gerador.”

A autorização da Aneel configura-se como um sandbox regulatório – espécie de “caixa de proteção regulatória” na qual algumas regras podem ser flexibilizadas e/ou alteradas, com duração e condições previamente delimitadas para que os agentes do setor possam realizar inovações. “Mas, mais que isso, é um piloto que pode dar embasamento para virar uma resolução específica”, adianta Omori – lembrando do papel da Copel ao subsidiar a criação da Resolução 482, antecedida por um projeto de contratação de energia de pequenas centrais geradoras de biogás proveniente de dejetos de animais.

A chamada pública deve ser lançada ainda este ano. A previsão é contratar até 50 MW médios de energia nessa modalidade.

Fonte: Agência Estadual de Notícias