Cotidiano

Contra inflação, Argentina manterá taxa de juros em 40%

Buenos Aires – O Banco Central da Argentina manterá as taxas de juros em 40% ao ano para segurar a desvalorização do peso nas últimas semanas e conter os possíveis efeitos do reajuste sobre os preços após registrar uma inflação de 25,5% em abril em relação ao mesmo mês do ano passado. As informações são da EFE.

O presidente do Banco Central, Federico Sturzenegger, afirmou em discurso no 35º Congresso Anual do Instituto Argentino de Executivos de Finanças (IAEF) que a instituição deve manter esse nível de juros para garantir a consolidação da queda da inflação no futuro. "Durante as últimas semanas evidenciamos uma correção da taxa de câmbio real em função do novo panorama internacional, que incipientemente se abriu diante de nós", disse.

Por isso, segundo ele, a "missão" da política monetária é minimizar os efeitos que esses movimentos podem ter sobre os preços domésticos. Assim, a instituição decidiu intervir.

"A taxa de juros está em um nível que a instituição considera adequado para responder à volatidade que experimentamos nas últimas semanas e, ao mesmo tempo, para conter seus possíveis efeitos sobre o processo de inflação", afirmou Sturzenegger.

No fim de abril, a alta das taxas básicas de juros dos Estados Unidos fez com que os investidores deixassem os mercados emergentes. Em países como a Argentina, que tem forte dependência do capital estrangeiro para se financiar, as consequências são fortes. O peso, por exemplo, desvalorizou mais de 20% ante o dólar.

Para conter a desvalorização, o Banco Central fez três ajustes nas taxas de juros do país, elevando-a para 40% em dez dias, e interviu vendendo diariamente milhões de dólares. Já o governo reduziu as metas de déficit primário e anunciou negociações com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para conseguir financiamento.

Os preços subiram 25,5% em abril em relação ao mesmo mês do ano passado e 2,7% comparado a março. A inflação neste ano é de 9,6%, número que se aproxima da meta do 15% para 2018 estabelecida pelo governo, que muitos especialistas consideram impossível atingir.