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Consulado busca crianças que enviaram criações aos Jogos do México, em 1968

INFOCHPDPICT000059845091 Em 1968, a rebeldia dos estudantes explodia na Europa e nos Estados Unidos. O rock estourou, a luta pelos direitos civis e pela igualdade racial também. Na França, o movimento Maio de 1968 tomou as universidades. O mundo vivia a onda hippie, mas faltaram paz e amor no Brasil quando a morte do estudante Edson Luís, assassinado pela Polícia Militar do Rio, desatou uma onda de protestos e a Passeata dos Cem Mil.

No meio do regime militar e de revoltas populares, naquele 1968, o México, que sediava a Olimpíada, convocou crianças de todo o mundo a pensar um presente diferente e enviar um desenho. O tema era a amizade entre os povos.

Mais de 1.200 ilustrações chegaram à capital mexicana – muitas vieram do Brasil. Apenas três feitas por crianças brasileiras resistiram em um acervo até hoje. E agora, 48 anos depois daqueles Jogos Olímpicos, os desenhos voltam para casa. O Consulado do México no Rio busca os então pequenos autores daquela época, cujo paradeiro é desconhecido. E lança uma campanha em busca dos autores perdidos dos desenhos redescobertos.

– Sabemos que foram crianças nascidas na década de 1950. E que participavam de um ateliê livre de artes plásticas em Copacabana. Mas a escola não existe mais – diz Adolfo Zepeda, cônsul adido de Imprensa do consulado mexicano no Rio.

Não se sabe se os autores ainda estão vivos e, se estiverem, em qual cidade moram, nem se estão no Brasil. Mas, se aparecerem, o consulado prepara uma ação especial com eles durante os Jogos. Uma delas é uma exposição com os desenhos, que serão levados à casa temática do México na Olimpíada, no Museu Histórico Nacional. Os autores são Beatriz Diamante, Tania Gonçalves Lima e Maria Cristina da Silva Teles.

– Nossa missão é encontrar essas pessoas, conhecer sua história e celebrar com elas a tradição de amizade e familiaridade entre México e Brasil em uma cerimônia em agosto, dentro das atividades que o México vai realizar no Rio por causa dos Jogos – afirma.

O governo local também guardou parte de um mural feito por outras duas crianças brasileiras. São elas: Francisco José Serrador e Sergio Eugenio de Ridios Bath. O paradeiro deles também é desconhecido.

– Nada melhor do que a inocência de uma menina ou um menino para expressar um conceito tão puro, sem preconceitos, do valor da amizade. Em qualquer cidade (que já sediou os Jogos), seja México, Barcelona, Seul, Los Angeles ou Atlanta, fica uma referência imediata positiva, de alegria. Há um legado de felicidade que deve ser recuperado e mantido o quanto for possível – encerra Zepeda.