Cotidiano

Computação em nuvem está próxima da onipresença, diz executivo da Huawei

Huawei - AFP.jpgXANGAI, China ? Em uma quarta-feira de céu cristalino em Xangai, a Huawei optou por evangelizar acerca da importância das nuvens. É sobre o conceito de ?cloud computing? ? computação em nuvem, o uso da internet como meio primeiro de armazenagem, processamento e transmissão de dados digitais ? que ouviu o público de 20 mil pessoas no primeiro dia do evento anual da maior fabricante de equipamentos de telecomunicações do mundo. Para a gigante chinesa, essa tecnologia, que se popularizou nos últimos anos por meio de firmas como Amazon e Google, está próxima da onipresença: em 2025, todas as corporações do planeta vão estar, de alguma forma, na nuvem, afirmou Ken Hu, um dos três diretores-executivos rotativo da empresa de Shenzhen. Nesse universo, 85% das aplicações serão baseadas em cloud computing.

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É o que o jargão de mercado vem chamando de ?cloudificação? ou ?industry cloud?, ou a migração das companhias para sistemas quase que inteiramente virtuais em busca de redução de custo e agilidade.

? Os aparelhos são as coisas sentindo o ambiente ao seu redor, enquanto a nuvem é a inteligência. Ela é uma extensão da conectividade e está modelando todas as indústrias e alterando desde os modelos de negócio até as pessoas. É ela que permitirá o carro autônomo e as cidades inteligentes. A nuvem abrigará um cérebro digital, sempre evoluindo, nunca envelhecendo ? afirmou Hu na imponente Mercedez-Benz Arena, palco à beira do rio Huangpu que recebeu recentemente Justin Bieber e Taylor Swift.

Ao contrário do que se espera de um executivo que passa os dias debruçado sobre temas como a compressão das antenas telefônicas ou protocolos de segurança, a fala de Hu foi menos tecnológica do que filosófica ? citações a uma revolução da inteligência e aos impactos na inteligência emocional dos usuários.

Mas para a Huawei, a nuvem é um segmento de negócio bilionário. Logo, elevar essa tendência ao protagonismo da maior conferência anual que já realizou (a companhia costumava promover três eventos menores por ano) não é um acaso. A nuvem é, antes de uma tecnologia, uma combinação de várias delas ? data centers, conectividade constante, softwares etc. A mensagem que a firma chinesa quer passar aos parceiros é sua capacidade de entregar esse leque de requerimentos.

Afinal, a máxima que a companhia vem repetindo ultimamente é que ela é, ao mesmo tempo, o ?cano?, a infraestrutura por onde passam as informações, os aparelhos onde os dados são criados e a própria nuvem. A companhia vende, por exemplo, de computadores de data centers a soluções para visualização de dados.

Mercado financeiramente vasto

O mercado de computação na nuvem é, de fato, financeiramente vasto. Pesquisa publicada em janeiro pela consultoria Synergy Research Group estimou que esse mercado cresceu 28% em 2015, atingindo US$ 110 bilhões (R$ 360 bilhões). O hype em torno da ?cloud? ? que já alcançou status de concenceito de market, assim como “Big Data” e “Internet das Coisas” ? esconde um ambiente complexo de tecnologias que exige a colaboração de diversas partes. Os números da Synergy, por exemplo, abrangem seis categorias da nuvem. Um deles é o chamado ?software as a service?, pelo qual, em vez de possuir um software em suas máquinas, uma empresa paga para acessar programas armazenados em uma nuvem de acordo com suas necessidades. Outro é o ?private cloud?, que funciona dentro do ambiente limitado de uma única corporação.

A Huawei, por sua vez, faturou US$ 60,8 bilhões em 2015, dos quais US$ 4,3 bilhões vieram do segmento enterprise.

Uma das companhias que subiu ao palco para fazer a apologia da nuvem ao lado da Huawei foi o HSBC. Com 150 anos de história intimamente ligados à China ? sua sigla significa, afinal, Hong Kong and Shanghai Bank Corporation ?, o banco britânico está empreendendo a missão de digitalizar todos os seus processos até 2020. Para acabar com o papel, contou seu diretor-executivo de informação Darryl West, a instituição está investindo mais de US$ 1,3 bilhões.

Há seis meses, o HSBC começou a permitir que uma fatia dos seus correntistas pudesse acessar na central telefônica ou no internet banking do celular via reconhecimento de voz ou biometria. Segundo West, 20 milhões de clientes já estão sendo identificados unicamente pelas características de sua voz. O banco também está integrando seus sistemas aos aplicativos de pagamento de Apple, Android e WeChat (a resposta chinesa para o além de softwares da SAP.Whatsapp que absorve toda a atenção da população local no metrô, nos restaurantes, nas ruas etc.).

? Meu objetivo é, até o fim de minha carreira, acabar com as senhas de banco ? afirmou o executivo. ? Nós, bancos, temos uma reputação de sermos lentos na adoção de novas tecnologias. Mas as “fintechs” (start-ups que oferecem aplicações financeiras) estão tendo um impacto em nosso mercado, então precisamos responder. (…) O digital está, então, transformando o HSBC. Somos um banco, não uma empresa de tecnologia. Mas somos grandes consumidores de tecnologia.

Segundo West, essa transição está sendo possível por meio da utilização de nuvens de empresas como Amazon e Microsoft, além de softwares de SAP.

*O repórter viajou a convite da Huawei