Cotidiano

Comissões de Ética de estatais vão repudiar exoneração de secretário pelo Planalto

BRASÍLIA ? Uma semana depois, ainda causa mal-estar no Planalto a exoneração do secretário-executivo da Comissão de Ética Pública da Presidência da República (CEP). Representantes de comissões de Ética de estatais como Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil pediram uma reunião no colegiado para questionar a decisão do governo, que tem autonomia exclusiva para mexer em cargos de confiança, como era o do secretário.

Depois de acusar a Casa Civil ? que tem sob seu guarda-chuva o cargo de confiança no colegiado ? de “ingerência nociva” e de causar um “ferimento” à autonomia da CEP no último dia 9, quando foi publicada no Diário Oficial da União a demissão de Hamilton Cruz, a comissão enviou um ofício ao presidente interino Michel Temer na última quarta-feira pedindo que o ato seja revisto. Na próxima segunda-feira, representantes dessas comissões em 19 estatais são esperados na CEP, que fica no Planalto. Até agora, empresas como Correios, Caixa Econômica Federal e Infraero confirmaram presença.

Todos os sete conselheiros, que têm mandato e não são remunerados, posicionam-se contra a demissão de Cruz, nomeado para o cargo pela então ministra interina da Casa Civil Eva Chiavon em 9 de maio ? somente três dias antes de a presidente Dilma Rousseff ser afastada. Eles argumentam que desde que a comissão foi criada, em 1999, é a primeira vez que um secretário-executivo é demitido.

? A exoneração é atribuição exclusiva do ministro da Casa Civil. Eu mudei todas as pessoas em cargos de confiança, já que têm que ser da minha confiança ? rebateu Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil ao GLOBO, que disse que não voltará atrás sobre a exoneração.

Hamilton Cruz, servidor de carreira do Ministério do Trabalho, já foi chefe de gabinete de Luiz Navarro, ex-ministro da Controladoria-Geral da União (CGU) e agora conselheiro da CEP. Navarro é um dos onze ex-ministros de Dilma que conseguiram quarentena ? salário integral de R$ 30,9 mil durante seis meses, para evitar conflito de interesses em novos empregos ?, que é julgada pelo próprio colegiado.