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Com ventos fortes em Copacabana, Scheidt ganha posições e mantém viva chance de medalha

Nem mesmo a chuva, o vento, o frio e a recuperação do atual bicampeão mundial do Laser foram capazes de estragar o dia de Robert Scheidt. O brasileiro está, sim, na briga por sua sexta medalha olímpica. Depois de ter dois resultados ruins em quatro provas, Scheidt conseguiu ser mais regular nesta quarta-feira, com um 11º e um segundo lugares, e ganhou quatro posições no ranking geral – agora está em quarto. Ele tem 41 pontos perdidos.

– Era um dia importantíssimo. Tinha feito duas regatas ruins nos dois primeiros dias, então eu tinha que melhorar. Era sim ou sim para manter as chances ainda vivas. E eu fiz isso – disse Scheidt. Vela 09/08

As regatas do Laser foram disputadas na Praia de Copacabana com ventos fortes, de cerca de 25 nós (46km/h), e ondulação intensa. Rivais de Scheidt declaram cansaço após a prova, e o brasileiro, mesmo aos 43 anos, disse que isso não será problema:

– Estou cansado, mas é normal. Passamos cinco horas na água, com frio, onda. As condições foram extremas. Mas é Olimpíada, é no Brasil, então você tem que ir com tudo. Dei tudo que tinha hoje, e foi bom. Quando você consegue tirar o máximo na segunda regata do dia em que todo mundo está cansado é um bom sinal. Estou bem fisicamente, sem lesão, e tomara que continue ventando forte.

O líder da flotilha é o croata Tonci Stipanovic, com 26 pontos perdidos. Em segundo, está o britânico Nick Thompson, detentor dos dois últimos títulos mundiais. Hoje, Thompson teve um dia quase perfeito. Somou apenas três pontos perdidos e pulou de 12º para segundo – ele está com 35 pontos no total. Faltam quatro provas, além da regata da medalha, que reúne apenas os dez primeiros. Infográficos Especiais – Vela

TRICAMPEÃO MUNDIAL DA FINN PULA PARA PRIMEIRO

O dia foi mesmo dos britânicos. Atual tricampeão da Finn e aprendiz do lendário velejador Ben Ainsle, Giles Scott, repetiu os resultados do compatriota Nick Thompson e pulou de décimo lugar para a liderança do ranking, com apenas três pontos perdidos. Estreante em Olimpíadas, Scott havia terminado a primeira regata da classe, ontem, em 17º.
Adversário de Scott no Finn, o brasileiro Jorge Zarif não foi bem. Ele chegou em 11º na primeira regata e em 22º na segunda. Por enquanto, acumula 21 pontos perdidos. Ele caiu de quarto para oitavo.

Na vela, o ranking geral é estabelecido pelo somatório dos pontos de cada velejador. Aquele que termina em primeiro soma um ponto; o segundo lugar soma dois e assim por diante. O pior resultado é descartado. Ganha o ouro quem tiver menos pontos ao final.

BRASILEIRAS ESTREIAM BEM NO 470

A dupla brasileira do Brasil no 470 mostrou regularidade na estreia e saiu da água contente. Ana Luiza Barbachan e Fernanda Oliveira, que conquistou um bronze em Pequim com Isabel Swan, repetiram o quinto lugar nas duas regatas desta quarta-feira. Elas somaram dez pontos perdidos e estão em quarto no ranking geral. Robert Scheidt estreia na Olimpíada

– Foi um dia bem instável, com muita chuva, e de bastante paciência. Mas estamos contentes com a nossa regularidade, o que nos deixa dentro da briga. O campeonato é longo – afirmou Fernanda.

Já o conjunto masculino mostrou decepção com o desmpenho. Bruno Betlhem e Henrique Haddad, que participam pela primeira vez dos Jogos, estão em 23º no ranking, com 42 pontos, após terminarem em 19º e 23º. Bethlem e Haddad são cariocas e conhecem bem a raia da Escola Naval, onde velejaram hoje:

– Não foi o que a gente esperava. Foi um dia difícil, a gente acabou velejando mal. Agora é tentar ver o que dá para melhorar. A gente tem condições de velejar bem melhor do que fez hoje – lamentou Haddad.

– É um dia muito raro. No limite para não fazer regata. Os ventos estavam muito inconstantes e deixaram a regata muito técnica. Nós acabamos pecando em algumas coisas – completou Bethlem.

DUPLA DO NACRA 17 VENCE REGATA

A estreia do Nacra 17 – a única classe mista – nos Jogos Olímpicos teve celebração brasileira. Isabel Swan e Samuel Albrecht terminaram em primeiro lugar a segunda regata. Na primeira, no entanto, tiveram problemas com uma das peças da vela principal do barco. Um parafuso se soltou quando eles estavam em terceiro – a dupla terminou em 17º. Eles também pode descartar o pior resultado.

– O problema foi pequeno mas a consequência foi enorme. O parafuso soltou e a gente ficou sem a regulagem da vela mestra. Levamos um tempo para resolver, conseguimos ajeitar duas vezes e soltou de novo – explicou Albrecht.

– O importante foi que a gente conseguiu focar na segunda regata e optar por fazer pressão, o que é importante nessa condição de vento. Conseguimos abrir com o (vento em) popa. Então, foi uma ótima regata para estrear. Ainda tem muita água pela frente, mas acho que foi um bom dia – disse Isabel.

Embora prevista, a terceira regata do Nacra 17 não foi realizada por causa da irregularidade do vento. A comissão organizadora chegou a tentar posicionar as boias na raia do Pão de Açúcar, mas o intervalo entre a primeira e a segunda prova durou mais de uma hora. Devido ao cancelamento, os velejadores devem disputar quatro regatas nesta quarta-feira.

Além do Nacra 17, os barcos do Finn e do 470 e a prancha do RS:X voltam para a água nesta quinta-feira. Já o Laser e o Laser Radial, de Scheidt e Fernanda Decnop, não têm regatas agendadas. A brasileira terminou o dia em 23º lugar geral, com 98 pontos perdidos, após terminar em 28º e 26º.