Cotidiano

Com Rodrigo Santoro, remake de ?Ben-Hur? tem estreia mundial no México

CIDADE DO MÉXICO ? Morgan Freeman tem bem claro em sua mente do que gosta na nova versão de ?Ben-Hur?. ?Do filme original, creio que minha parte favorita é a corrida de bigas, como todos. Isso é tudo o que eu lembro?, disse o ator sobre o clássico de 1959. ?O melhor desta nova versão é que eu estou nela?, acrescentou, maliciosamente, na noite de terça-feira, ao caminhar pelo tapete vermelho na estreia mundial de ?Ben-Hur? no Teatro Metropolitano da Cidade do México.

Vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante por ?Menina de ouro? (2004), o ator interpreta Ilderim, um nômade africano que treina cavalos para competir no circo romano. Os fãs aplaudiram Freeman durante sua passagem pelo tapete colocado na Avenida Independência, em frente ao teatro localizado no centro histórico da capital mexicana. Como parte da decoração, duas enormes colunas romanas e cavalos foram posicionados no local.

?Eu me sinto ótimo! Vocês nos trataram muito bem, tivemos uma recepção incrível para este filme. É uma honra fazer parte disso?, disse o ator britânico Jack Huston, que interpreta Ben-Hur.

No filme de Timur Bekmambetov, que entra no circuito comercial do México e dos Estados Unidos no dia 19 de agosto (um dia depois de estrear no Brasil), Ben-Hur passa cinco anos como galeote. Embora a história seja ambientada na era de Cristo, ainda hoje milhões de pessoas vivem em regime de escravidão.

?É ruim, deveríamos ter avançado muito mais?, opinou Huston sobre o problema. ?O que você percebe é que este filme é baseado em algo que aconteceu há 2 mil anos e pouco mudou no mundo. Todas estas questões apresentadas em ?Ben-Hur? ainda acontecem agora: ódio, hostilidade, guerras religiosas, guerras políticas. Mas este filme é muito bonito porque mostra que há outro caminho, que há um caminho de esperança, de perdão, de redenção e de amor. O amor sempre vence o ódio?.

Ainda que haja um filme mudo da década de 1920 e uma série animada de 2003, indiscutivelmente a versão mais conhecida de ?Ben-Hur? é a de 1959, com Charlton Heston, Jack Hawkins e Stephen Boyd, um épico de três horas e meia dirigido por William Wyler. O longa venceu 11 Oscars, incluindo o de melhor filme.

Como no clássico, uma das cenas mais emocionantes e importantes da nova versão de duas horas é a corrida de bigas disputada por Ben-Hur e o oficial do exército romano Messala Severo (vivido por Toby Kebbell), que cresceram juntos, mas passam a viver uma inimizade mortal causada por uma traição.

?Ele está confuso por conta de uma situação que atrapalhou suas próprias ambições?, disse Kebbell sobre seu personagem. ?Mentem para ele e ele acaba cometendo um erro terrível?.

Em uma entrevista coletiva antes da estreia, a produtora Roma Downey destacou que a nova versão está mais fiel ao livro original de Lewis Wallace, publicado em 1880, ao mesmo tempo em que é contada com um estilo mais realista nas atuações e uma edição mais dinâmica.

?O diretor Timur Bekmambetov estudou a melhor maneiro de conduzir as cenas observando as corridas da Nascar e da Fórmula 1, para tentar entender como seria a sensação de estar lá. Nas filmagens, posiciou GoPros sobre as rodas dos carros e em todas as partes, incluindo entre as orelhas dos cavalos… Tudo para criar a experiência de que o público está na corrida, e foi muito eficaz nisso?, disse Downey.

Para a corrida principal, o cineasta evitou usar efeitos especiais ou animação de computador, e, aos contrário do filme de 1959, na nova versão pode-se perceber mais nitidamente a poeira e o barulho dos carros puxados por quatro cavalos.

?Timur, nosso grande diretor, disse que para que as pessoas desfrutassem desta nova versão, deveríamos nos doar a ela, deveríamos estar nos cavalos?, disse Huston na coletiva. ?Se você vê muitos efeitos em um filme, acaba se distanciando da história e dos personagens?.

O filme retrata a crucificação de Jesus e exalta uma mensagem de compaixão e perdão. O ator brasileiro Rodrigo Santoro, que interpreta Cristo, disse que tratou de encontrar seu espírito interior.

?Nós sabemos que é necessário amar ao próximo, sabemos o que está no plano das ideias, mas como seria isso na prática??, apontou Santoro na coletiva. ?O que tentei fazer foi buscar, dentro das minhas limitações como ser humano, mas tentar buscar esse lugar, e posso dizer que nunca fui tão feliz?.

O elenco conta ainda com a atriz de origem iraniana Nazanin Boniadi, como Esther, a esposa de Judas; o dinamarquês Pilou Asbaek como Pôncio Pilatos; e o ator colombiano Moisés Arias como Dimas, um jovem pertencente ao movimento dos zelotes, judeus que resistem à ocupação romana, e que se mete em problemas quando Judas se esconde em sua casa.