Cotidiano

Com prestígio de ministra, chefe de gabinete acompanha Temer há 19 anos

nara de deusBRASÍLIA ? Tratada pelo presidente interino Michel Temer como uma figura tão importante quanto seus ministros e argumento usado por ele para rebater as críticas de que ignorou o ?mundo feminino? (expressão usada por ele próprio) ao montar seu Ministério, Nara de Deus, 48 anos, é sua chefe de gabinete e o assessora há 19 anos.

Loura, alta, bonita e sorridente, já nos primeiros dias circulando pelo terceiro andar do Palácio do Planalto foi alvo de brincadeiras dos colegas que a conhecem há décadas, porque, assim como Dilma Rousseff, é adepta da dieta Ravenna, por meio da qual perdeu 33 quilos em sete meses, durante 2014.

Nara se incomoda com as críticas a Temer por não ter escolhido mulheres para integrar o primeiro escalão. Diz que não se sente uma escolha como ?contrapartida? pelos ataques desferidos ao chefe e que sua posição é por reconhecimento profissional:

? Sem falsa modéstia, estou nessa posição por reconhecimento e fico feliz porque é o reconhecimento de um trabalho, uma conquista profissional. Não tinha dúvida de que ficaria (como chefe de gabinete) porque estou com ele há muito tempo. Não é uma contrapartida e não seria diferente vindo do presidente, porque ele é um homem que valoriza muito a equipe e as mulheres.

Mulheres de Temer

Ela lembra que desde os anos 1990, quando passou a trabalhar com Temer, a equipe dele, tanto no gabinete de presidente da Câmara, quanto na presidência do PMDB, sempre foi bem equilibrada no quesito gênero.

? Essa discussão não faz muito sentido. Foi ele quem criou a delegacia da mulher. Seu gabinete sempre teve assessoras, eu, como chefe de gabinete, e secretárias. É uma honra trabalhar para ele, um homem inteligente e gentil com todos ? afirma.

Nara passou a trabalhar com Temer em 1997, quando permaneceu como secretária na Presidência da Câmara, após ter assessorado os dois antecessores do peemedebista: Inocêncio de Oliveira e Luiz Eduardo Magalhães, ambos do ex-PFL, atual DEM. Ela trabalhou na Câmara de 1991 até 2011, quando foi para a Vice-Presidência da República com o peemedebista. De secretária, se tornou assessora e, depois, chefe de gabinete de Temer.

? Tenho bom trânsito no Congresso com os funcionários, deputados e senadores ? justifica Nara.

NA ROTINA, IGREJA

Dedicada ao presidente interino, Nara tem três tarefas que cumpre sempre fora do ambiente de trabalho: acorda às 4h35m para ir à academia malhar; leva a filha de 12 anos à escola todas as manhãs, e frequenta semanalmente a igreja evangélica Shekinah.

Ela e o marido, esportistas, têm no círculo de amigos mais próximos grupos de corrida e de bicicleta, com quem se reúnem nos fins de semana.

Formada em Assistência Social e nascida na cidade de João Pinheiro (MG), Nara é a caçula de 12 irmãos.

Apesar de bastante acessível no ambiente de trabalho, ela é discreta quando o assunto é vida social e familiar. Conta que aos domingos faz programas com a filha e o marido e que terá que readaptar sua rotina, ainda mais puxada, na ampla sala em que está instalada no terceiro andar do Palácio do Planalto. Entre as prioridades de ajuste na agenda pessoal está voltar a buscar a filha na escola, ao meio-dia.

A chefe de gabinete é da extrema confiança de Temer. No ano passado, ela foi a responsável por entregar ao chefe de gabinete de Dilma a carta em que o vice à época se queixava da falta de prestígio. Nara controla a agenda, sabe quem são os convidados com livre trânsito no gabinete, os que eventualmente precisam ser barrados, mas mantendo o padrão do peemedebista da ?porta aberta?, evitando ao máximo impedir o acesso ao chefe.

Seu salário ainda como assessora da Vice-Presidência era de R$ 10,5 mil líquidos, segundo o Portal da Transparência. Além disso, Nara é conselheira da Caesb, companhia de saneamento do Distrito Federal, desde 2012. Participa das reuniões extraordinárias uma vez por mês e recebe R$ 4 mil pela função.

Nas eleições de 2014, Nara aparecia como administradora financeira da campanha de Temer em documentos enviados ao TSE.

(Colaborou Ruben Berta)