Cotidiano

Com incentivo privado, história brasileira recebe o valor que merece

Convento-São-Francisco-071.jpgFolheando um jornal em 2006, Maria Helena Ochi Flexor, professora de história da arte da Universidade Católica de Salvador, viu o anúncio de um prêmio que chamou sua atenção. Havia ali a possibilidade de levar adiante a pesquisa que vinha fazendo sobre a Igreja e Convento de São Francisco, em Salvador (BA). Em 2014, Magnus Roberto de Mello Pereira avistou um cartaz na Universidade Federal do Paraná, onde é professor no Departamento de História, que convidava para a inscrição em um concurso. O prêmio permitiria transformar o seu estudo sobre a pesquisa botânica e zoológica no Brasil entre 1768 e 1822 em uma obra ilustrada e de grande porte.

Embora as histórias de Maria Helena e Magnus Roberto tenham ocorrido com um intervalo de oito anos, ambas têm em comum o mesmo desejo de trazer a público passagens relevantes da história do país. O ?Prêmio Odebrecht de Pesquisa Histórica – Clarival do Prado Valladares? tornou-as possíveis e deu a visibilidade necessária. É para isso que, desde 2004, a Odebrecht patrocina pesquisas e publicações de obras que resgatam a narrativa brasileira.

Embora as histórias de Maria Helena e Magnus Roberto tenham ocorrido com um intervalo de oito anos, ambas têm em comum o mesmo desejo de trazer a público passagens relevantes da história do país. O ?Prêmio Odebrecht de Pesquisa Histórica – Clarival do Prado Valladares? tornou-as possíveis e deu a visibilidade necessária.

É para isso que, desde 2004, a Odebrecht patrocina pesquisas e publicações de obras que resgatam a narrativa brasileira. O livro de Maria Helena, ?Igreja e Convento de São Francisco da Bahia?, realizado em parceria com Frei Hugo Fragoso, foi lançado em 2009 e é o primeiro registro formal sobre o local desde 1930. A Igreja é reconhecida internacionalmente pela arquitetura única e detalhada. Já a obra de Magnus Roberto ?Os Naturalistas do Império?, desenvolvida em conjunto com a também historiadora Ana Lúcia Barbalho da Cruz, foi concluída em 2016. Em 460 páginas, os autores retratam a relevância portuguesa no processo de pesquisa de fauna e flora e a disseminação desse conhecimento no Brasil.

O Prêmio Odebrecht de Pesquisa Histórica já proporcionou a publicação de 12 obras, a maioria delas pela Versal Editores. Os livros já ganharam reconhecimento nacional: foram seis Jabuti (o mais importante prêmio da literatura brasileira), um prêmio da Associação Brasileira dos Críticos de Arte ? ABCA e um da Associação Paulista dos Críticos de Arte – APCA. As cópias são distribuídas em bibliotecas e livrarias.

? Uma obra desse porte só é possível com o apoio da iniciativa privada. É uma dificuldade, no Brasil, conseguir publicar com o apoio público ou da universidade. O patrocínio é fundamental e o engajamento da Odebrecht é exemplar. Normalmente, as verbas para cultura vão para shows e exposições, a pesquisa histórica nunca é lembrada ? observa Magnus.

Maria Helena endossa a opinião do colega:

magnus.jpg? O prêmio patrocina tudo: fotos, artigos, direitos autorais, impressão da melhor qualidade. Com isso, nós, pesquisadores, podemos fazer nosso trabalho de maneira bem focada na pesquisa, sem preocupação com a elaboração do livro em si. O cuidado com a montagem e a finalização dos vencedores do prêmio é grande. Diagramação, iconografia e apresentação final tornam cada edição um novo item de arte.

Compromisso com a qualidade

De acordo com Márcio Polidoro, coordenador do Comitê Cultural da Odebrecht, para que os trabalhos sejam completos, não se mede esforços. Ao embarcar em um trabalho, o pesquisador não sabe exatamente quando vai terminar ou de que materiais vai precisar. Polidoro cita como exemplo o caso de Consuelo Novaes Sampaio, autora do primeiro livro publicado por meio do prêmio (?50 Anos de Urbanização: Salvador da Bahia no Século XIX?, de 2005). Ela acreditava que todo o material necessário estava na Bahia, mas, no fim, descobriu que uma parte significativa dele estava nos Estados Unidos. Foi até lá buscar.

De igual forma, Magnus precisou ir à França e à Índia para concluir as pesquisas de ?Os Naturalistas do Império?, em que já trabalhava havia dez anos. E Maria Helena percebeu a necessidade de mais ilustrações ? pagas ? para complementar seu trabalho. Todos tiveram suas solicitações atendidas.

? Nós temos a sensibilidade de perceber o que é importante. Damos todo o apoio financeiro e logístico. Nosso compromisso é com a qualidade. Acreditamos que a memória nacional precisa ser resguardada e repassada para o futuro. Tantas coisas já ficaram perdidas com o tempo, procuramos fazer com que algumas não tenham esse mesmo destino. Criamos o prêmio porque zelamos pelo patrimônio histórico brasileiro. É isso que constrói a identidade de um país ? afirma.

O caminho para o prêmio

São quatro etapas até o vencedor do ano ser anunciado. Primeiro, é preciso se cadastrar no site do prêmio e inscrever o projeto. Em seguida, uma comissão de professores universitários analisa os textos, sem saber de quem são, e escolhem os 100 melhores.

Um comitê da Odebrecht seleciona 10 finalistas que passarão por entrevistas presenciais. Destes, convidam cinco para fazer a apresentação de seus projetos à banca avaliadora, onde define-se quem ganhará o patrocínio da edição.

? Os critérios são o ineditismo, a contribuição para a história brasileira e a possibilidade de resultar em um belo trabalho ? revela Francisco Senna, arquiteto e professor aposentado da Universidade Federal da Bahia, que foi assessor especial de Norberto Odebrecht e hoje é um membro fixo da Comissão.

Senna vê o prêmio como um meio de realização de sonhos pessoais, mas que também viabiliza o bem comum, deixando um legado importante para a história do país:

? Existem muitos trabalhos belíssimos e muito importantes por todo o Brasil que não conseguiriam sua publicação sem o patrocínio.

Uma ampla campanha de divulgação é realizada anualmente com o objetivo de alcançar o máximo possível de autores, em todos os lugares do país. Além dos anúncios em jornal e cartazes nas universidades, como os que Maria Helena e Magnus viram, são feitas palestras e apresentações em universidades e empresas, para que todos saibam que a premiação existe e como ela funciona.

? Não há preferência por localidade. No início, muitos trabalhos da Bahia ganharam, mas hoje todos os cantos do país estão no nosso eixo. O prêmio tem uma amplitude e um alcance nacional reais ? conclui Marcio.

As inscrições para o Prêmio 2017 estarão abertas a partir de 15 de março.