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Com europeus à espreita, seleção olímpica tenta manter a calma

oTERESÓPOLIS — A efervescência do mercado de jogadores chegou à seleção olímpica. E é uma rotina na história recente do torneio: a reunião de jovens promissores do futebol brasileiro em uma seleção para jogar um torneio simultâneo ao período de abertura do mercado europeu de transferências. Em conversa com os jogadores, a comissão técnica pediu que todas as atenções fossem concentradas no trabalho.

Mas não é tarefa simples. Na quinta-feira, segundo o jornal “Sport”, de Barcelona, foi acertada a transferência de Gabriel Jesus para o Manchester City, numa operação de € 32 milhões. O Palmeiras nega o acerto. Enquanto isso, o Juventus, da Itália, oferece pouco mais da metade deste valor por Gabriel, do Santos. Nas próximas semanas, há o temor de que o assédio a outros jogadores cresça. Rodrigo Dourado, Thiago Maia e Luan são exemplos de jogadores que receberam propostas na atual temporada. E o desempenho olímpico pode potencializar o interesse.

— O nosso planejamento é para ter total tranquilidade aqui dentro, tentar evitar estas situações ao máximo. Uma conversa que temos com os jogadores é a de que estamos a 33 dias de uma conquista inédita para o Brasil, e o foco precisa ser diferente. Este encaminhamento (de negociações) precisa ser feito pelo representante do atleta — disse Erasmo Damiani, coordenador das divisões de base da CBF.

A comissão técnica da seleção quer que as discussões sobre transferências aconteçam fora do ambiente da equipe.

Em Londres, nos Jogos Olímpicos de 2012, Thiago Silva recebeu representantes do Paris Saint-Germain na concentração, no Rio, durante a preparação. Lá, fez exames médicos e selou sua mudança do Milan para o clube francês. Na chegada da delegação brasileira à capital inglesa, o meia Oscar não foi com o elenco para o hotel. Entrou num carro com dirigentes do Chelsea e foi passar por exames no que seria seu novo clube. A ideia é não repetir tamanha interferência na rotina dos jogadores. E o pedido de concentração foi feito numa reunião com os jogadores, na noite da última segunda-feira, na Granja Comary.

INDICAÇÃO DE TIME

Segundo o volante Rodrigo Dourado, é inevitável tomar conhecimento do noticiário pela internet. Mas ele garantiu que o tema não domina as conversas na concentração.

— É normal nesta época. O sonho de todo jovem é jogar na Europa, e os convocados abrem um leque maior de interesse. A gente vê a internet, nem tem tanta coisa pra fazer (entre um treino e outro). Mas o foco é total na Olimpíada — garantiu o jogador do Internacional.

Por falar em concentração, a seleção não vai passar pela Vila Olímpica. Caso dispute a final, a CBF tem um hotel reservado na Barra da Tijuca, onde o time ficaria na reta decisiva. Uma das razões é logística: há apenas sete credenciais para a comissão técnica e, em geral, a seleção brasileira mobiliza uma equipe de apoio bem maior. Nem todos teriam acesso à Vila. Num hotel, os jogadores teriam à disposição médicos, massagistas e fisioterapeutas, por exemplo.

Ontem, o técnico Rogério Micale comandou um treino que indicou boa parte do time que tem na cabeça como titular. A formação foi: Fernando Prass, Zeca, Marquinhos, Rodrigo Caio e Douglas Santos; Rodrigo Dourado, Thiago Maia e Felipe Anderson; Gabriel, Gabriel Jesus e Neymar. Rafinha fez trabalho à parte, e Renato Augusto só se apresentará no dia 27. As ausências dos dois põem interrogações na formação de meio-campo.