Cotidiano

Com estoque de inverno parado, lojistas refazem contas para o verão

A situação chega a ser tão preocupante que muitos empresários são obrigados a fechar as portas

Com estoque de inverno parado, lojistas refazem contas para o verão

O comércio varejista de Cascavel sente com intensidade os reflexos negativos da pandemia do novo coronavírus, que resultaram na redução drástica das vendas. A situação chega a ser tão preocupante que muitos empresários são obrigados a fechar as portas.

Os dias fechados por conta da quarentena e as restrições adotadas como controle sanitário obrigaram os empresários a reanalisar o caixa para evitar a falência. Dentre as medidas adotadas estão a flexibilização de horários de atendimento e a redução no número de funcionários.

O setor do vestuário foi um dos mais atingidos e, além do coronavírus, “sofre” com um inverno ameno, com poucos dias de frio, e os estoques precisaram ser queimados antes mesmo do esperado auge das vendas que não aconteceu. Mesmo assim, muitos produtos ainda estão nas prateleiras.

Nesta época do ano, os comerciantes precisam pensar na próxima estação e se preparam para repor o estoque, agora pensando no Dia das Crianças, nas festas de vim de ano e, claro, no verão. Desta vez, a situação é diferente. “Mesmo com inverno ‘curto’, o comerciante cascavelense teria ainda esperança com relação às datas festivas como Dia das Mães, dos Namorados, dos Pais… mas os números também não foram satisfatórios. Tudo isso gerou incerteza, reduzindo os investimentos como prevenção caso o cenário piore. Com isso, ele ainda teria subsídio para manter o negócio”, explica o supervisor comercial da Amic (Associação de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Oeste do Paraná), Homero de Almeida.

Em muitas lojas, foi preciso refazer as contas para ajudar o orçamento. “O planejamento foi reformulado, diminuímos o volume de compras porque as vendas da coleção de inverno não aconteceram como esperado. Aproveitamos o momento para rever estoque e parcerias com fornecedores, apostando em produtos que atendam as necessidades neste momento atual”, explica a diretora de marketing Andressa Kucinski.

Portas fechadas

Algumas vezes, reduzir gastos e refazer planejamento não bastam e o empresário não tem alternativa a não ser fechar as portas para conter o prejuízo. “Desde o início da pandemia, muitos empresários e comerciantes têm dos seus negócios e fechando as empresas. Atendemos, só aqui, na Amic, de sete a oito situações dessas por mês, de comerciantes solicitando o encerramento de CNPJ”, revela Homero de Almeida.

Inadimplência agrava situação

A falta de dinheiro do comerciante se agrava devido ao mau pagador. Se muitas pessoas deixaram de fazer compras e isso afetou o movimento no comércio varejista, outras pararam de pagar as dívidas que tinham, porque o consumidor ficou sem condições de pagar as contas. Em função da pandemia, foram aprovadas propostas que postergavam o registro de devedores em até 90 dias. As inclusões bancos do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) voltaram à normalidade no início desta semana, dia 17. “O mecanismo existe para proteger a saúde financeira das empresas e depende da atualização constante das informações”, comenta a coordenadora do Serviço de Proteção ao Crédito da Acic (Associação comercial e Industrial de Cascavel), Iraci Kopchinski.

Já a Amic (Associação de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Oeste do Paraná) lançou a Campanha de Recuperação de Dívidas, utilizando o Serasa Experian. A empresa repassa as informações das dívidas por meio do site, que processa os dados e emite uma carta aos devedores. As informações dos inadimplentes são incluídas em um banco de dados com abrangência em todo o Brasil. “O objetivo é ajudá-los a recuperar suas dívidas e continuar gerando negócios, em especial, neste momento de crise financeira”, reforça o gerente de contas, Regisson Silva.

Ações direcionadas auxiliam na retomada

Gerente da Regional Oeste do Sebrae Paraná, Augusto Stein insiste na importância de colocar em prática ações eficazes para a retomada econômica das empresas. “As primeiras articulações começaram ainda em abril, quando percebermos a gravidade do cenário e das consequências dos desdobramentos. O primeiro passo foi apurar como cada negócio foi prejudicado com os efeitos da pandemia. Fizemos uma pesquisa, ouvindo 763 empresários de 32 segmentos diferentes no oeste do Estado e as respostas ajudaram a direcionar as ações. Entre elas estão reuniões dos comerciantes com especialistas, em assuntos ligados a crédito, marketing digital, gestão. Os treinamentos têm contribuído na orientação do empresário para minimizar os prejuízos”.