Cotidiano

Com consumo em baixa, faturamento do setor de eletrônicos cai 23%

SAO PAULO – A indústria eletroeletrônica vai encerrar este ano com retração real (descontada a inflação) no faturamento de 11% na comparação com 2015, para R$ 131,2 bilhões. A projeção foi feita nesta quinta-feira pela Abinee, associação que representa os fabricantes do setor. Para a produção industrial, a entidade projeta queda de 10% na comparação com 2015 e os investimentos devem minguar 25%, caindo para R$ 3,2 bilhões. O setor foi impactado tanto pela baixa no consumo da população quanto pela retração de compras da indústria.

? Como se vê, foi um ano de muita dificuldade. Nunca tinha visto uma queda nos investimentos tão grande ? declarou Humberto Barbato, presidente da Abinee, acrescentando que ?a recuperação do mercado pós-impeachement, como esperávamos, não ocorreu?.

Para justificar os dados ruins, ele pontuou que, pelo lado de bens de consumo, a queda na renda da população, a alta no desemprego e o elevado endividamento são os fatores que inibiram a iniciativa de compra das pessoas físicas. Já pelo lado dos bens de capital, o problema foi a difícil situação enfrentada pelas indústrias, que trabalham com grande capacidade ociosa e não estão investindo na compra de equipamentos.

Barbato disse também que o processo de recuperação judicial da Oi e da espanhola Abengoa (do setor elétrico) ?trazem preocupações gravíssimas ao setor?.

Dentre os oito subsegmentos que compõe a cadeia de eletroeletrônicos, sete terão retração. Informática é o que mais sofreu e deve encerrar 2016 com faturamento 23% menor que o obtido no ano passado. Já os equipamentos industriais e os de automação industrial, que representam os investimentos do setoe produtivo, fecharão o ano com retração de 8% e 5%, respectivamente. Apenas o sub segmento de geração, transmissão e distribuição de energia terá tímida alta, de 3%.

As exportações também retraíram e não foram capazes de reverter o cenário nacional, disse Barbato. As vendas para outros países fecharão o ano com recuo de 5%, caindo para US$ 5,5 bilhões.

O nível de emprego da indústria eletroeletrônica foi diretamente impactado. Ao longo de 2016 foram cortadas 14 mil vagas, fechando o ano com 234 mil empregados ocupados. A título de comparação, em 2013, ano de bom desempenho do segmento, 308,6 mil pessoas trabalhavam na cadeia.

O setor trabalha 71% de sua capacidade instalada. E, segundo Barbato, estima que 2017 será outro ano difícil. A projeção para o ano novo é de crescimento nominal de 1% no faturamento em relação a 2016.