Cotidiano

Com aquecimento global e Trump, 'Relógio do Apocalipse' marca 23h57m30s

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RIO – Considerando meia-noite como o dia do juízo final, o Boletim de Cientistas Atômicos (BAS, na sigla em inglês) divulgou nesta quinta-feira o horário marcado pelo seu tradicional “Relógio do Apocalipse”: 23h57m30s.

Em nota, o BAS já havia adiantado fatores de influência para os ponteiros do relógio em 2017: “Um aumento do nacionalismo estridente em todo o mundo, os comentários do presidente Donald Trump sobre armas nucleares e questões climáticas antes da sua posse em 20 de janeiro, um cenário de nebuloso de segurança global, colorido por uma tecnologia cada vez mais sofisticada, e um crescente desprezo pelos conhecimentos científicos”.

O “Relógio do Apocalipse” (em inglês, “Doomsday Clock”) foi criado por um grupo de cientistas atômicos americanos no final da década de 40. O primeiro horário marcado, em 1947, registrou sete minutos para a meia-noite, com riscos relacionados à corrida nuclear. Em 2015 e 2016, o relógio marcou três minutos para a meia-noite, e os cientistas atribuíram o agravamento do quadro global ao aquecimento global, além da ampliação e modernização das armas nucleares.

Mas o ponteiro ficou mais próximo da meia-noite em 1953, com a realização de testes com bombas de hidrogênio pelos soviéticos e americanos: o relógio marcou 23h58m. O horário mais folgado, 17 minutos para meia-noite, foi registrado em 1991, com a assinatura do Tratado de Redução de Armas Estratégicas pelos Estados Unidos e pela Rússia.

O relógio foi criado e é mantido pelo BAS, um grupo que, além de ser responsável pela publicação de um periódio científico, monitora tópicos como armamento nuclear, política energética e aquecimento global. Dentre os estudiosos que decidem pelo horário do “Relógio do Apocalipse” há 15 laureados pelo prêmio Nobel.

Há na internet, inclusive, uma conta no Twitter que brinca com o relógio, atribuindo-o à Trump: é o Trump Doomsday Clock (“O Relógio do Apocalipse do Trump”). Ainda que desatualizado, a conta compartilha notícias e tweets do agora presidente americano, adiconando apenas uma onomatopeia: tick, tick, tick…

O BAS destaca, porém, que o relógio não é uma ferramenta de previsão, mas um pouco como o diagnóstico de um médico: são levados em conta dados, sintomas e circunstâncias dos riscos globais, gerando assim à determinação do quadro.

O “Relógio do Apocalipse” já foi ajustado 24 vezes, e a partir de 2007, o aquecimento global passou a ser levado em conta.

Confira abaixo os horários do relógio desde o seu início:

2017: 23h57m30s

2016: 23h57m

2015: 23h57m

2012: 23h55m

2010: 23h54m

2007: 23h55m

2002: 23h53m

1998: 23h51m

1995: 23h46m

1991: 23h43m

1990: 23h50m

1988: 23h54m

1984: 23h57m

1981: 23h56m

1980: 23h53m

1974: 23h51m

1972: 23h48m

1969: 23h50m

1968: 23h53m

1963: 23h48m

1960: 23h53m

1953: 23h58m

1949: 23h57m

1947: 23h53m