Opinião

Coluna Juliano Gazola: Primavera milagrosa.

Coluna Juliano Gazola: Primavera milagrosa.

 

Será que não passou da hora de você também encontrar o seu milagre da primavera?

Este texto tem inspiração no poema de Antonio Machado, A um olmo seco.

Onde o foco principal, o objetivo central é fazer com que você, nobre leitor aprenda de uma vez por todas, como eu mesmo a duras penas aprendi a contemplar de forma amorosa a realidade.

Não é um exercício fácil, pois eu imagino que você também tenha sido criado sob circunstâncias que ficaram anos luz da contemplação do belo, do amor da vida real.

Antonio Machado dá atenção a uma árvore partida ao meio, por ter sido atingida por um raio.

Um tanto apodrecida, com teias de aranha e absolutamente com nada que pudesse sinalizar a presença de vida.

Com uma raríssima exceção, algumas folhas verdes, misturados a vários galhos secos.

A pergunta que temos que nos fazer é: se Machado não tivesse um olhar poético para perceber aquele olmo seco, ele, no máximo veria uma madeira útil para construir uma mesa ou outro objeto útil.

Outro autor, Ítalo Marsili certa vez citou: “O homem que não tenha o olhar simbólico, poético para a vida de algum modo está vivendo nos porões, abaixo daquilo para o qual foi criado”.

O nosso autor inicial, o poeta não contempla assim o olmo. Ele foca toda sua atenção, criatividade e inspiração àquele ramo que ainda está nascendo.

A realidade é que a folhagem expõe a nossa realidade, mostrando como a vida ainda pode nascer de uma árvore seca. Trata-se então, de um milagre de primavera.

E o seu milagre de primavera, qual é? Se você também desenvolvesse esse olhar, como o nosso querido poeta.

Quero contribuir com você a parar de olhar de forma utilitarista, que está contaminando a forma com que você vê o mundo.

Assim como, aprender a ter um olhar poético, para me livrar do olhar utilitarista.

E porque desenvolver um olhar mais poético? Quando se olha para uma coisa e queremos transformá-la em outra que possa ser mais útil, estaremos investindo na força do homem, no império do homem e na linguagem do homem.

Não é de todo ruim apostar na força e império do homem, desde que o próprio homem não destitua a realidade.

Nós destruímos a realidade, quando não aprendemos o olhar poético, pois deixamos de lado tudo o que a realidade pode nos ensinar. Uma simples folha que nasce num tronco seco. Será que o tronco seco serve somente para ser transformado numa mesa de centro?

Como anda o seu olhar contemplativo? Não em uma árvore.

Uma pessoa que você acabe de conhecer, você imagina como ela seria uma boa pessoa, permite que ela mostre pouco a pouco seus interesses?

E a si mesmo, você contempla? Você consegue observar se está feliz ou triste. As oportunidades e erros, você contempla?

Precisamos limpar o meu e o seu olhar, para entrar na poesia do mundo. Precisamos praticar.

Vá para o parque, e leve um papel e uma caneta. Fique uns cinco minutos observando e após escreva o que você observa. Avance sua reflexão e veja se o parque é só um parque, o que mais tem nele?

Agora, olhe para si mesmo. Você é só isso que vê? O que mais você é?