Política

Coluna Contraponto do dia 29 de junho de 2018

Rossoni na esteira dos Diários Secretos

O ex-presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, hoje deputado federal pelo PSDB, Valdir Rossoni, é a figura-símbolo de que o combate à corrupção vai muito além da transparência e do fim da impunidade na gestão pública. Rossoni assumiu o comando da Casa na sequência do escândalo dos Diários Secretos, o maior trabalho de investigação jornalística do Paraná, detentor do Prêmio Esso na Gazeta do Povo. Firmou a imagem de honesto e incorruptível com propaganda algo patética, mas eficiente: a devolução de cheques ao governo do Estado com as sobras no orçamento da Assembleia. Era a “prova” que, com uma boa limpeza de funcionários suspeitos e cuidado com dinheiro público, dava para economizar uns bons trocados.

Pós-Bibinho I

No pós-Bibinho, o diretor-geral Abib Miguel, com séculos de condenação nas costas por corrupção, era uma bênção. Na real, nem tudo são flores. Rossoni já tem cinco inquéritos instalados por malfeitos, entre eles, dois por suspeitas de irregularidades em licitações enquanto estava no comando da Casa e o envolvimento do nome dele na Operação Quadro Negro, que desviou, segundo o Ministério Público do Paraná, mais de R$ 20 milhões de recursos de escolas públicas para favorecer a reeleição do ex-governador Beto Richa.

Pós-Bibinho II

O fim do foro privilegiado está trazendo essas investigações para o Paraná, o que permite a visão mais ampla de todos os processos. E a primeira consequência já se estabeleceu: Rossoni, de fato, foi o sucessor da era Bibinho.

À cata de aliados

Não é a primeira vez na carreira política do senador Roberto Requião que ele se desespera à procura aliados. Faltando pouco mais de um mês para a formação de alianças e chapas partidárias e sem alianças com nenhum dos partidos ou candidatos a governador do Paraná, Requião, presidente estadual do MDB, põe na mesa uma proposta: constituir uma comissão de “alto nível” para discutir os caminhos que o partido deve tomar. 

Alternativas

As opções colocadas são estas: abrir o diálogo com os pré-candidatos Ratinho Jr. (PSD) e Cida Borghetti (PSD), sem descartar conversações com Osmar Dias (PDT); não apoiar nenhum deles; lançar apenas candidatos a senador (Requião seria um deles); lançar candidato próprio ao governo (Requião).

Com o Diabo

Na eleição de 2002, quando ganhou seu segundo mandato de governador concorrendo com o ex-aliado Alvaro Dias, apareceu na propaganda do adversário um vídeo antigo em que Requião dizia estar disposto a subir no palanque até mesmo com o diabo. A autenticidade do vídeo foi contestada por Requião, que contratou o perito Ari Fontana para dizer que se tratava de uma montagem. Alvaro Dias, o qual contratou perito mais famoso, Ricardo Molina, que atestou a autenticidade.