Política

Coluna Contraponto do dia 27 de julho de 2018

Lições de Richa de como fazer política

O jornalista Guilherme Voitch registra em seu blog na revista Veja novo trecho da delação do engenheiro Maurício Fanini, ex-diretor da Educação, em que ele afirma que o ex-governador Beto Richa (PSDB) repassou pelo menos R$ 4,3 milhões em caixa dois para três candidatos a deputado federal na eleição de 2014. Os três integravam a coligação que elegeu Beto governador. Fanini está preso desde setembro do ano passado e é personagem central da operação Quadro Negro, que investiga fraudes em licitações para a construção de escolas no Paraná.

Pedágio & Presídio

Preto, pobre e azarado não dá ibope. E, por causa disso, os candidatos ao governo quase nunca tocam numa chaga paranaense: as celas de delegacias espalhadas por todo o estado que amontoam milhares de jovens em condições indescritíveis.

Aperto

Numa cela onde cabem oito se espremem 36 aqui mesmo na delegacia de Paraíso do Norte. Alguém que vive no ar-condicionado pode avaliar o que isso significa com 42 graus de temperatura? E surgem as consequências, muito piores: meninas de 16 anos apelam para a união estável, o que lhes dá o direito de visitas íntimas atrás de uma cortininha rala na própria cela, na frente de todos os outros presos.

Abandono

Não há descaso. Há abandono. O Governo Beto prometeu construir 14 presídios. Fez dois em oito anos. E não se fala nada sobre esta tragédia diária. Fica bem mais fácil, lógico, debater o problema do pedágio em todo o Paraná, com audiências públicas até 2021, quando os contratos vencem. Aí, dá voto. E ibope.

Maratona de Alvaro

O senador Alvaro Dias não se intimida e, pelo contrário, acelera o ritmo de sua campanha presidencial pelo Podemos. Dessa quinta (26) até dia 31 viaja por quatro estados e 11 cidades – uma delas novamente a Quatá, sua terra natal no interior paulista. No Rio de Janeiro, em São Paulo, no Paraná e em Minas Gerais vai cumprir pelo menos 22 compromissos – desde palestras, entrevistas para jornais e emissoras de rádio e televisão, incluindo uma na GloboNews, na segunda-feira (30) à noite. Em Curitiba ele vai estar dia 31, às 11h, para palestra na Apajufe (Associação Paranaense dos Juízes Federais).

Valentias políticas

O ex-governador Beto Richa ainda tenta se segurar como candidato a senador na chapa de Cida Borghetti (PP), embora já tenha sido avisado com a clareza e o vigor possíveis pelo deputado Ricardo Barros, coordenador da campanha de reeleição da governadora, de que essa hipótese está totalmente fora de cogitação.

Quebra de acordo

Segundo Beto, a intransigência de Ricardo Barros representa uma grave quebra do acordo político firmado entre os dois grupos – PP e PSDB – pelo qual ele renunciaria ao governo para dar lugar à vice, Cida Borghetti, visando à viabilização da candidatura dela e, em contrapartida, ele teria a garantia de presença na chapa majoritária como candidato a senador.

Deixa quieto

O que Beto não fala é que desde o início estava também acordado que a chapa teria dois candidatos a senador – o outro, deputado Alex Canziani, já estava definido para representar o PTB. Nas últimas semanas, Richa passou a exigir que o nome de Canziani fosse retirado da disputa para que ele pudesse concorrer sozinho. Com o que Ricardo Barros não concorda.

Vingança

Para mostrar sua irritação com o fato de ter sido desprezado, Beto responde com uma ameaça: além de tirar o PSDB inteiro da aliança, leva também com ele o PSB – dois partidos que, acredita, podem sustentar sozinhos sua campanha para o Senado.

Dona Fernanda continua no Governo?

O único comprovante efetivo do rompimento entre o ex-governador Beto Richa e a família Barros será se dona Fernanda do Richa deixar o cargo de secretária de Secretária da Família e Desenvolvimento Social. Enquanto ela permanecer no governo, sempre haverá uma fresta aberta para o entendimento.