Política

Coluna Contraponto do dia 20 de março de 2018

Quem fica? Quem sai?

A menos de 20 dias para deixar o posto e entrar na corrida para o Senado, o governador Beto Richa e a vice Cida Borghetti (ou mais, propriamente, seu marido, Ricardo Barros) ainda não finalizaram seus acordos sobre quem fica, quem sai e quem entra no governo após a troca de comando.

De malas prontas

É certo que vários secretários e auxiliares já estão arrumando as malas, porque também são candidatos e têm prazo até dia 7 para saírem. Casos dos deputados Valdir Rossoni (Casa Civil), Artagão de Mattos Leão (Justiça) e Douglas Fabrício (Esportes), além dos sem-mandato Michele Caputo (Saúde), Marcos Traad (Detran), Mounir Chouwiche (Cohapar) e, claro, os secretários Fernanda Richa (Ação Social) e Pepe Richa (Infraestrutura), entre outros.

E o governo

Há secretários e assessores próximos de Richa que, por vontade própria ou por vontade de Ricardo Barros, também ficarão de fora. E há nomes que Beto Richa pediu a Barros para que sejam preservados. Mas quem assumirá no governo Cida? Eis uma área de muita especulação e nenhuma certeza até o momento.

Esqueletos

Tão logo Beto Richa deixe (se deixar) o governo dia 7 de abril para disputar o Senado, alguns esqueletos podem surgir dos armários. São situações sobre as quais pesam suspeitas de ilegalidade e que, mais dia menos dia, quem assumir o comando do Estado terá de enfrentar.

Herança maldita I

O próximo governante terá de enfrentar questões que poderão ser enquadradas na categoria “herança maldita”: decidir o que fará com a Companhia Paranaense de Securitização (ParanaSec), empresa de economia mista que tem o governo como majoritário. A função da ParanaSec é negociar no mercado títulos de crédito que o governo detém. Três anos depois de criada, a companhia só pagou bons salários aos seus diretores e funcionários, acumulou prejuízos e foi pouco produtiva;

Herança maldita II

Recuperar a ParanaPrevidência, de cujos fundos estão sendo retirados milhões por mês para tapar despesas que seriam de responsabilidade direta do Tesouro do Estado. Na marcha que vai, a previsão é de que a partir de 2029 haverá extrema dificuldade para a ParanaPrevidência custear aposentadorias e pensões do funcionalismo público;

Herança maldita III

Enfrentar ações judiciais que vão questionar a composição dos Comitês de Indicação e Avaliação (CIA) instalados nas empresas públicas com faturamento anual superior a R$ 90 milhões. Copel, Sanepar, Compagas, Cohapar e Celepar estão incluídas. A esses comitês compete fazer o controle interno das companhias. Só que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) considera ilegal que os membros sejam secretários de Estado e/ou outros agentes públicos. Mas para os Comitês criados, com salários de R$ 25 mil para cada membro, foram nomeados apenas secretários até agora.

E o MP

Fontes do Palácio Iguaçu já admitem a possibilidade de o governador Beto Richa não nomear o mais votado da lista tríplice para o cargo de procurador-geral de Justiça do Paraná, o que implicaria em não reconduzir para o posto o atual chefe do Ministério Público, Ivonei Sfoggia. Seria um caso raro: apenas no Governo Requião aconteceu de o mais votado não ser o nomeado. Fatos ainda obscuros e forças poderosas dentro do governo e do próprio MP estariam a indicar que a melhor solução seria nomeação do terceiro colocado da lista, o procurador Marcos Fowler (foto).

Desgaste

A origem do desgaste com Sfoggia seria de 2016, quando ele usou de influência para derrubar um veto de Beto e beneficiar o MP. As coisas acabaram se ajeitando e o Ministério Público conseguiu o que queria. Mas o caroço ficou engasgado na garganta de Beto. Apesar dos esforços posteriores de Sfoggia para agradar Beto – inclusive barrando investigações que poderiam levá-lo a responder por crime de improbidade na Operação Quadro Negro -, o mal-estar se manteve.