Política

Coluna Contraponto do dia 15 de junho de 2018

A vaia de Matinhos

O fato mais importante da visita da governadora-candidata Cida Borghetti no aniversário de 51 anos do balneário de Matinhos, na terça-feira, foi devidamente camuflado pelo governo do Paraná. Ao anunciar, no palanque, a presença do ex-governador Beto Richa, que a acompanhou na descida para o litoral no helicóptero oficial, Cida Borghetti foi surpreendida por uma sonora vaia. Tão intensa e duradoura que os discursos previstos se tornaram em apenas uma rápida saudação das autoridades.

Tudo normal…

Nas fotos e na matéria da Agência Estadual de Notícias pode-se ver Cida e Beto em contato com a população, Beto assinando documentos e assistindo ao desfile comemorativo. Tudo normal, como se ambos não tivessem sido submetidos à vaia constrangedora poucos minutos antes. As vaias aconselharam Cida Borghetti a evitar a companhia.

DEM e PP & Alvaro

Desesperançados com o baixo desempenho de Geraldo Alckmin (PSDB) e com medo de parecerem incoerentes demais se se abraçarem a Ciro Gomes (PDT), o DEM e o PP agora procuram namorar Alvaro Dias (Podemos), que aparece nas pesquisas com pontuação próxima à do ex-governador paulista. É o que conta a coluna Painel, da Folha de São Paulo, dessa quinta-feira.

E o PRB…

Enquanto isso, porém, o senador Alvaro Dias retoma as conversas com o PRB, partido da Igreja Universal, e chega a pensar em oferecer a vice para um indicado da legenda, no caso Flávio Rocha, dono das Lojas Riachuelo.

Filtrar os “filtros”

O candidato a governador Ratinho Jr (PSD) tomou medida inteligente ao convocar cinco experientes políticos e administradores públicos para “filtrar” o que ele deve dizer em público, aconselhá-lo sobre posições que deve tomar, ajudá-lo a fazer um plano de governo e protegê-lo das naturais armadilhas de época eleitoral.

Chefe

O chefe dessa equipe é o deputado, ex-ministro (três vezes) e ex-secretário (inúmeras vezes) Reinhold Stephanes. Escolha mais que acertada.

Filtro falho I

Mas o “filtro” de Ratinho deve ter falhado em pelo menos um dos outros quatro componentes do núcleo duro da sua campanha: o médico oftalmologista e ex-diretor do IML (Instituto Médico Legal) Leon Gruppenmacher, que por poucos meses ocupou a Secretaria de Segurança Pública na primeira gestão de Beto Richa.

Filtro falho II

Durou pouco no cargo. Primeiro, porque, embora oftalmologista, não enxergava bem os problemas da segurança pública. Segundo porque teria trocado os pés pelas mãos quando, a pretexto de comprovar a eficácia de aparelhos de espionagem que trouxera de Israel e que pretendia importar, fez teste de espionagem a distância do apartamento do governador e gravou secretamente algumas conversas familiares. Ratinho pode correr o mesmo perigo.

Choque de gestão & choque da realidade

Candidato a governador pelo PDT, Osmar Dias, tem empregado uma linguagem oposta à utilizada por seus adversários – em vez de promessas que ele define como “fantasiosas” e “irresponsáveis”, ele pretende convencer os eleitores com a “realidade”. E a realidade, afirma, é que, a principal herança deixada pelo ex-governador Beto Richa foi o saque antecipado de ICMS que só venceria em 2019 e 2020, que, do valor de R$ 3,4 bilhões, foi pago a metade. “Do choque de gestão vamos caminhar para o choque de realidade”, disse. Osmar explica que o próximo governo não vai poder contar com essa receita porque os contribuintes foram incentivados a pagar antes para gozar do absurdo desconto de 50%. Beto Richa pôde manter a aparência e fazer propaganda do sucesso do seu suposto “ajuste fiscal”, mas comprometeu o futuro, diz Osmar. “É um dinheiro agora inexistente”, lamenta o candidato.