Política

Coluna Contraponto do dia 03 de junho de 2018

Requião bem que merece uma derrota eleitoral

As traquinagens irresponsáveis, o desserviço ao ambiente político em forma de comportamento cabotino e o absolutismo na conduta impediram que o senador Roberto Requião ultrapassasse as fronteiras do Paraná na carreira política. Tem talento, posições firmes que defende com ousadia e vocação para o embate. Mas atitudes como a de aparecer ao lado da família Barros para dar recadinho bobo a Osmar Dias e ao adversário na disputa pelo Senado explicam porque Requião continua afeito à província. Já passou da hora de sofrer uma boa derrota eleitoral que o faça refletir no final da carreira. Nunca é tarde para repensar.

Requião promete…

O senador Roberto Requião não se emenda e, de novo, faz valer o conhecido discurso de que está sempre disposto a se aliar até mesmo com diabo para ganhar eleição. A presença durante um ato oficial do governo, o discurso e o abraço na governadora Cida Borghetti na manhã de sábado, em Mandaguari, poderiam ser interpretados como gestos simbólicos de civilidade, mas quando se sabe que Requião não é dado à civilidade, as coisas devem ser vistas de modo diferente e mais realista.

…e cumpre

Na verdade, foi mais uma provocação do velho senador em cima do candidato do PDT ao governo, Osmar Dias. Como Requião manifestou dias atrás sua disposição de apoiar qualquer outro candidato se Osmar não desse sinais de interesse em fazer aliança com o MDB, o senador aproveitou o evento de campanha de Cida Borghetti em Mandaguari para sinalizar que falava sério.

Chantagem

O gesto, contudo, pode ser entendido de forma diversa: a aparência de chantagem leva à interpretação de que o senador Requião está inseguro quanto à própria reeleição ao Senado ou, então, de vir a ser responsabilizado pelo enfraquecimento do MDB no Estado e pela consequente eleição de raquíticas bancadas na Assembleia e na Câmara Federal. Os atuais deputados do partido temem ter dificuldades para se reeleger.

Salvação

Sair abraçado com Osmar Dias numa aliança MDB/PDT seria a salvação da lavoura – para Requião e para o MDB, mas dificilmente para Osmar, que já experimentou uma derrota na disputa pelo governo estadual, em 2010, quando ambos formaram a chapa majoritária. Eleitores de Osmar não perdoaram e reelegeram Beto Richa.

Caviar e camarão

A 13ª Vara Cível Federal de São Paulo pediu explicações para o Exército Brasileiro sobre a compra de caviar, camarão (2 toneladas) e bebidas alcoólicas, tudo previsto numa licitação de R$ 6,5 milhões. Ora, não há nada de errado em generais e oficiais consumirem caviar e camarão ou bebidas alcoólicas em seus ranchos ou eventos fora da rotina da caserna.

De boa

Muito mais complicado é quando se manifestam publicamente sobre questões políticas. Na última mensagem via Twitter do comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, foi no pedido de habeas corpus do ex-presidente Lula no Supremo Tribunal Federal. Foi necessária apenas uma frase: “O Exercito brasileiro está atento às suas missões constitucionais” para que a ministra Rosa Weber trocasse suas convicções pessoais para seguir o colegiado e manter Lula na cadeia. Comer caviar, nessas circunstâncias, tá de boa.

Não dê comida aos pombos

O vereador Tito Zeglin (PDT) quer proibir os curitibanos de alimentarem os pombos da cidade. Além de transmitirem doenças, causam danos materiais a bens públicos e privados. Nessa mesma linha, um projeto que proibisse a concessão de verbas para políticos também seria bem-vindo. Ao que se sabe, políticos não transmitem doenças, mas tal qual os pombos, podem causar danos materiais a bens públicos ou privados.