Opinião

Coluna Amparar: Você é filhinha do papai ou filhinho da mamãe?

Coluna Amparar: Você é filhinha do papai ou filhinho da mamãe?

Todos nós temos em nós tanto a energia masculina quanto a feminina. Jung chama a energia masculina de animus e a feminina de anima. Nós tomamos essa energia de nossos pais. O filho desenvolve a anima no contato com a mãe e, consequentemente, desenvolve sua anima tanto mais intensamente quanto mais tempo permanecer na esfera da mãe. Inversamente, a filha desenvolve o animus no contato com o pai e, consequentemente, seu animus será tanto mais forte quanto mais tempo permanecer na esfera do pai.

O que acontece quando uma filha permanece muito tempo na órbita do pai? Em sua alma se mostrará excessivo animus e, consequentemente, terá menos compreensão e compaixão para com os homens. Ela se converterá no que se costuma chamar de “filhinha do papai”. E o que acontece com o filho quando fica demasiado tempo na órbita da mãe? Sua alma desenvolve excessiva anima. Paradoxalmente, nesse caso terá menos compreensão e empatia para com as mulheres e, geralmente, encontra menos ressonância com as outras pessoas. Ele se converterá em “filhinho da mamãe”. Em resumo: o filho acaba não se tornando plenamente homem e a filha não consegue tornar-se plenamente mulher.

Quais as consequências disso tudo? Em resumo é o seguinte. Quando o filho permanece excessivo tempo no círculo da mãe ele não se desenvolve como adulto e muitas vezes chega a ser unicamente o adolescente e o mulherengo, mas não marido. A filha, por sua vez, quando permanece na órbita do pai, chega a ser apenas a donzela e a amante, mas não a ser esposa.

Está aqui a raiz sistêmica de muitas infidelidades nas relações de casal. O filhinho da mamãe costuma ser o “queridinho” das mulheres, mas tem dificuldades em assumir um compromisso definitivo. Quando assume, permanece preso às namoradas e procura uma substituta da mãe na amante. Com a filhinha do papai não é diferente. Também ela é afetada pela mesma dinâmica e buscará um substituto do pai no amante.

Outra dinâmica frequente, certamente conhecida de muitos, é aquela em que o marido se dá bem com o sogra, mas não com o sogro; a esposa se dá bem com o sogro, mas vive em briga com a sogra. Detrás dessa dinâmica está a mesma situação descrita acima: um filho que permaneceu na esfera da mãe se dá bem com a sogra, mas não se entende com o sogro; e uma filha que permaneceu na esfera do pai se dá bem com o sogro, mas vive em briga com a sogra.

Desta maneira, ao contrário do que algumas vezes se defende, não é desejável que o homem desenvolva exaustivamente o feminino nele mesmo e nem a mulher desenvolva nela mesma por completo o masculino. O saudável é o homem desenvolver o masculino na potência máxima e a mulher ao feminino. Somente assim ambos precisam um ao outro e desenvolverão a complementaridade recíproca na relação de casal.

—————————————–

JOSÉ LUIZ AMES E ROSANA MARCELINO são consteladores familiares e terapeutas sistêmicos e conduzem a Amparar – whatsapp: https://bit.ly/2FzW58R