Cotidiano

Colheita fraca de laranjas no Brasil provoca medo de falta na Europa

INFOCHPDPICT000061625160RIO – Uma queda histórica da colheita de laranjas no Brasil, maior produtor mundial, gera temores de uma potencial falta de sucos em países europeus, como a França. A produção brasileira caiu de 300 milhões de caixas (de 44,8 quilos cada uma) em 2015 para 244 caixas em 2016, uma queda de 18,6% , segundo Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBr, associação nacional de exportadores de cítricos.

? É a colheita mais baixa dos últimos 28 anos ? disse Netto à agência de notícias AFP.

Uma das principais causas foi uma seca fora do normal. No Estado de São Paulo, por exemplo, as laranjeiras perderam os frutos por causa de uma forte alta das temperaturas na época da colheita. Mas houve também redução do cultivo de cítricos no país nos últimos anos, que perdeu espaço para outras culturas, como a cana de açúcar. Muitos agricultores optaram pela rentabilidade a mais curto prazo, já que a produção só começa a dar frutos depois de cinco anos.

Outro problema foi o avanço do chamado ?greening?, uma enfermidade que ataca a produção de laranjas, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Com o baixo nível da safra, o preço quadriplicou em 2016. Em julho de 2016, o preço da caixa de laranjas para a indústria estava em US$ 4,39, ante US$ 1,14 de igual mês de 2015.

O Brasil responde por 80% da produção mundial de laranjas, a partir de três grupos de origem francesa: Cutrale, Citrosuco/Citrovia e Louis Dreyfus Commodities.

Diante desse quadro, as exportações de suco de laranja e de seu concentrado seguem em queda. Na França, a União Interprofissional de Suco de Frutas (Unijus) está nervosa.

? Os brasileiros vão privilegiar, com certeza, as exportações para os Estados Unidos, já que a Flórida também teve uma colheita ruim ? disse o presidente da associação, Emmanuel Vasseneix.