Agronegócio

Colheita está prestes a começar

A colheita do milho safrinha, que de diminutivo tem apenas o nome, começa oficialmente na próxima semana na região oeste do Paraná. Ao menos 10% das lavouras estão no processo final de maturação. O acirramento da colheita ocorre na primeira quinzena do mês de julho.

Os danos provocados pela estiagem dos meses de abril e maio resultaram em uma quebra de 20% na produção e agora o oeste deve figurar na variação de 3,8 milhões a 4 milhões de toneladas do cereal.

A expectativa inicial, de acordo com o Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento), era de quase 5 milhões de toneladas em 730 mil hectares, sendo 300 mil cultivados no núcleo de Cascavel, em 28 municípios, e 430 mil no de Toledo, em 20 municípios.

Ainda não é possível dimensionar se a umidade dos últimos 20 dias também interferiu na produção, medição esta que só poderá ser feita após a colheita. Por enquanto o que se espera é um grão de qualidade, apesar dos problemas enfrentados no decorrer do ciclo.

De todo modo, a remoção da safrinha no campo gera uma expectativa sobre a acomodação desses grãos.

Segundo o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, a tendência é de que a maior parte da colheita regional seja absorvida pelo mercado interno, para as cadeias pecuárias do frango, do suíno e do leite. “Temos essa condição de grandes consumidores, então a maior parte do milho deverá abastecer o mercado brasileiro, sobretudo os maiores consumidores, como é o caso do Paraná, maior produtor de aves e um dos maiores produtores de suínos e leite”, reforçou.

Além de um mercado sedento pelo produto, a importação do milho tem se tornado cada vez mais frequente justamente para atender essa demanda maior, mas o processo tem sofrido um complicador. A tendência é para que a colocação do milho nacional seja ainda mais rápida, tendo em vista o elevado custo para o transporte do cereal importado do Paraguai, por exemplo.

A tabela do preço mínimo do frete no Brasil já tem interferido nesse processo, o que tem encarecido o produto internacional.

Para o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), considerando os dados dos estoques e o que deve ser colhido neste e no próximo mês, não vai faltar milho, diante da boa produção também no Centro Oeste do País.

Por aqui, as 4 milhões de toneladas deverão ser levadas para silos e armazéns que ainda contam com um pouco do produto colhido na safra de verão, quando esse tipo de cultivo é bem tímido na região, em detrimento da soja, cereal mais valorizado.

Um dos agravantes é que o milho prestes a ser colhido vai disputar espaço com a soja que segue estocada, cerca de 1,3 milhão de toneladas cujas vendas estão emperradas há dois meses e com o fechamento dos transportes desde a greve dos caminhoneiros. “Mas temos capacidade de estocagem de dez milhões de toneladas no oeste e considerando a colheita de agora e o que tem em estoque, são 5,3 milhões de toneladas, um pouco mais que isso talvez, então não teremos problema de armazenamento”, completou.

Características da safrinha

O milho safrinha é chamado desta forma devido ao plantio ser feito após a colheita da safra, que geralmente ocorre de janeiro a abril.

Entre as vantagens do plantio da safrinha estão: melhor preço de vendas, por ser na entressafra; baixa nos preços de insumos utilizados, pela época incomum de procura; investimento menor, devido ao aproveitamento da cultura anterior; proteção do solo, principalmente nos plantios diretos; cultura mais rústica, que suporta a escassez da água.

Embora traga vantagens para os produtores rurais, ele só pode ser plantado em alguns lugares do Brasil, pois o milho safrinha não pode ser colocado onde a safra principal é realizada mais tarde, já que o tempo da seca chegará mais rápido.