Cotidiano

Colheita da Saúde: A florada azul da linhaça dourada

Com baixo custo de produção e alto valor agregado, produtor planta 70 alqueires da oleaginosa

Reportagem: Juliet Manfrin

Fotos: Áílton Santos

 

A forrada azul que quase se confunde a um tom roxo claro, chama a atenção de quem passa pela BR-467, entre Cascavel e Toledo. No Distrito de Sede Alvorada, a lavoura densa desperta o curiosidade de muitos viajantes pela beleza das flores que vêm e voltam das plantas esguias todos os dias. É a queda delas que gera as sementes ricas em saúde, usadas na alimentação humana e animal. São 70 alqueires de um projeto puramente visionário. Enquanto os agricultores da região trabalham quase que exclusivamente com o binômio trigo e milho no cultivo de inverno, o produtor Rubin Friske e a família viram na linhaça dourada uma excelente oportunidade de mercado, além, é claro, de uma ótima opção para rotação de cultura, melhorando a qualidade do solo para as outras semeaduras.

O custo de produção é baixíssimo, aliás, quase nulo, pois a plantação do ano que vem será garantida pela colheita deste ano, gerando desta forma seu próprio banco de sementes. Sem o uso de agrotóxicos e defensivos, o único gasto extra é com a adubação do solo.

O produtor espera colher em 50 dias até 4,2 mil sacas do grão. Cada uma delas tem valor de mercado de R$ 150, o que poderia garantir no fim do ciclo, algo em torno de R$ 630 mil. Poderia garantir porque em vez de colocar à disposição dos cerealistas na venda in natura, Rubin utiliza a linhaça na indústria de processamento que é sócio. “Precisamos dela e trazíamos do Rio Grande do Sul, comecei a plantar há uns 15 anos, mas eram pequenas áreas e neste ano resolvemos investir em 70 alqueires, ou seja, toda a família está plantando linhaça dourada”, comemora.

Nas terras de Rubin Friske, apesar de a geada ter castigado a linhaça dourada, a florada nesta semana estava espetacular e a recuperação das plantas está sendo gradativa.

Não há registros oficiais do número destas lavouras na região, mas o técnico agrícola que presta assistência ao cultivo de Rubin, Fábio Finger, garante que são raras. “Eu mesmo nunca tinha visto aqui por perto”, reforça.

Seu plantio ocorre do fim de abril até o mês de julho. O ciclo é lento, leva em torno de 150 dias e a colheita é feita com equipamentos convencionais, os mesmos usados para colher o trigo e a soja, por exemplo.

Após sua remoção do campo, agendada para o fim de setembro e começo de outubro, ela vai dar espaço ao milho para, em abril do ano que vem, este ciclo de beleza e saúde se renovar.

Valor agregado

Altamente nutritiva, rica em fibras e em ômega 3, a linhaça produz uma gordura vegetal muito procurada por quem deseja levar uma vida mais saudável, que estimula o bom desenvolvimento cerebral e cardiovascular. O quilo dela chega a custar R$ 10 em lojas de produtos naturais. Portanto, se vendida ao mercado a granel, 60 quilos – que representam uma saca – podem render espetaculares R$ 600.