Cotidiano

Coaf investiga R$ 5,5 milhões recebidos por empresa de Picciani

SÃO PAULO. Depois de ser citada em delação de uma funcionária da Construtora Carioca, no âmbito da Lava Jato, como recebedora de contribuições de caixa dois de partidos políticos, a Agrobilara, que pertence à família do ministro dos Esportes, Leonardo Piccianni, está sendo investiga também pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda. De acordo com reportagem da revista Época, movimentações financeiras que teriam feito o patrimônio da Bilara duplicar entre 2010 e 2014, para R$ 27 milhões, teriam chamado a atenção do Coaf.

Relatório do órgão da Fazenda, obtido pela revista, revela uma intricada triangulação de operações de compra e venda de participações envolvendo uma mineradora, a Tamoio, por meio das quais a empresa dos Picciani teria recebido cerca de R$ 5,5 milhões de uma outra empresa, a GP Participações, do empresário Walter Faria, dono da Cervejaria Petrópolis.

O intrincado esquema rastreado pelo Coaf, segundo a Época, chegou ainda uma empresa chamada Turcon Engenharia, que descobriu-se tem relação com uma offshore de mesmo nome sediada na Holanda. Ou seja, a Turcom reúniria “as características de empresa-fantasma”.

Por trás de todo esse emaranhado de transações percorrido pelo dinheiro que acabou no caixa da empresa dos Picciani está o consultor José Américo Vieira Spinola, que por 15 anos atuou no departamento jurídico da Odebrecht.

Chamou a atenção do Coaf o fato de que “a aquisição total da mineradora pelo grupo liderado pelos Picciani ocorreu em sincronia com a conclusão das licitações para a construção do Parque Olímpico do Rio e da Transolímpica, vencidas por consórcios liderados pela Odebrecht”, relata a reportagem de Época, que complementa: “A Tamoios se transformou em uma das principais fornecedoras de brita dos dois consócio”.

À revista, a Agrobilara afirmou, por meio de sua assessoria, que “desconhece a existência da Turcon e que jamais teve contato com seu controlador”. Walter Faria disse que “as operações financeiras fazem parte de venda e compra de participações societárias realizadas de acordo com a legislação vigente e devidamente registradas nos órgãos competentes”.