Cotidiano

Clínicos gerais atuam como pediatras

De acordo com o secretário, 20 pediatras atendem na UPA, sendo um deles cedido pelo Consamu. Já nas unidades de saúde, outros 13 profissionais

Cascavel – Na semana passada, quando a demora de atendimento na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) Pediátrica virou caso de polícia, a reportagem do Hoje e O Paraná resolveu saber se a situação, apontada há semanas pela Secretaria de Saúde como atípica e pontual, tem solução. Mas ao que tudo indica, nada ou quase nada vai mudar.

Segundo o CRM (Conselho Regional de Medicina), Cascavel conta com 68 pediatras, que atendem tanto na rede pública quanto particular. Desse número, apenas 33 estão disponíveis para a população que procura atendimento nas unidades de saúde do Município. E é justamente esse baixo número que faz com que médicos generalistas sejam remanejados das UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e USFs (Unidades de Saúde da Família) para a UPA Pediatria.

A informação foi confirmada à reportagem pelo secretário de Saúde, Reginaldo Andrade, que disse que a situação, inclusive, ocorreu na noite de quinta-feira, depois que um pediatra pediu demissão e outro entregou um atestado de saúde, se afastando dos atendimentos por 15 dias, alegando problemas psicológicos. “Quatro ou cinco generalistas que estão em outras unidades fazem parte da escala na UPA. Não tendo pediatras, eles fazem o atendimento e, caso necessário, o especialista é chamado”.

De acordo com o secretário, 20 pediatras atendem na UPA, sendo um deles cedido pelo Consamu. Já nas unidades de saúde, outros 13 profissionais. “Há uma demanda muito grande desses profissionais. Para atender as crianças do município precisaríamos de pelo menos mais dez médicos, sendo cinco para fechar a escala da UPA”.

Conforme Reginaldo, a quantidade de formandos que buscam a especialização focada nas crianças é muito baixa. “No domingo que vem tem mais um concurso público e foram disponibilizadas vagas para pediatras, mas a procura é abaixo do que precisamos”.

Questionado em relação à questão salarial, o secretário disse que isso acaba influenciando os novos profissionais. “Para 40 horas semanais a remuneração é de R$ 15 mil, para 20 horas, R$ 7,5 mil e para os que optam por trabalhar 15 horas semanais, os salários variam de R$ 4 mil a R$ 5 mil”.

CRM

A reportagem entrou em contato com o CRM e, segundo a assessoria de imprensa, a atuação de profissionais generalistas pode ser feita em qualquer especialidade, porém, estes não podem se denominar especialistas em nenhuma área.

Conforme a assessoria, o ideal é que em unidades especializadas de atendimento, como é o caso da UPA, profissionais com capacitação específica para o atendimento estejam disponíveis, mas que depende das habilidades de cada médico saber se está ou não apto para o trabalho. Como exemplo, a assessoria citou uma cirurgia vascular, que pode ser feita por qualquer profissional, mas que nem todos têm condições de executá-la.