Cotidiano

Clima tenso: Fábrica da Araupel é alvo do MST

Havia risco de conflito, já que alguns membros do MST aparentavam estar armados

Quedas do Iguaçu – Centenas de pessoas ligadas ao MST se concentraram no fim da tarde e início da noite de ontem em frente à fábrica da Araupel, em Quedas do Iguaçu. A atitude do Movimento Sem-Terra foi interpretada de duas formas: mostrar à comunidade que eles estão no comando e não têm medo das leis e das forças de repressão e que querem, a todo custo, cumprir uma antiga promessa, de invadir a fábrica da empresa que gera 1,2 mil empregos no município.

Ação de funcionários da empresa, que impediram os sem-terra de avançar no início da mobilização, deu tempo para que o policiamento fosse reforçado e então os invasores dispersaram. Havia risco de conflito, já que alguns membros do MST aparentavam estar armados.

Há mais de um ano, desde que a quarta ocupação a terras da Araupel ocorreu, a liderança do Movimento ameaça tomar a fábrica. A ordem seria para destruir e para depredar tudo o que fosse possível.

O ato de ontem dos sem-terra é uma represália a protestos de funcionários, do comércio e de diversos setores organizados de Quedas do Iguaçu que pedem ao governo do Estado o cumprimento de mandados de reintegração de posse há muito já expedidos pela Justiça.

“Como o governo não cumpre a lei e o diálogo do Serighelli (Hamilton Serighelli, secretário de Estado de Assuntos Fundiários) só dá resultado para eles, o MST se sente dono da cidade, intimida e ameaça as pessoas”, diz um dos funcionários da Araupel, que não se identificou.

Parada

Um dos motivos da manifestação de ontem dos invasores seria também para desbloquear dois acessos ao Assentamento Celso Furtado por área da empresa. O MST mantém fechada desde 5 de outubro estrada que leva à principal área de corte da Araupel, em Rio Bonito do Iguaçu. Sem matéria-prima, a indústria (de itens para a construção civil) está praticamente parada.

Os funcionários temem perder seus empregos. Muitos deles, mesmo com medo, estão dispostos a fazer tudo o que for possível para defender a empresa e o sustento de suas famílias. O clima é de tensão e de grande perigo, diz um empresário que mora há 30 anos em Quedas do Iguaçu. Os sem-terra não quiseram se pronunciar sobre o ato de ontem.