Cotidiano

Cigarro é o principal fator de risco para o câncer de pulmão

Mas pneumologista alerta: outras partes do corpo como boca, traqueia e pâncreas também estão suscetíveis à doença

Cigarro é o principal fator de risco para o câncer de pulmão
O dia 31 de maio é o Dia Mundial sem Tabaco e traz a preocupação de que o cigarro industrial é o principal risco evitável para o câncer, principalmente o de pulmão. Segundo estudos, a ocorrência de câncer seria 30% menor se não existisse o hábito do fumo e as taxas podem chegar a 40% caso o paciente não seja tabagista.  A preocupação mais conhecida é com o câncer de pulmão porque o cigarro industrial proporciona o contato da fumaça do tabaco em todo o órgão. Porém, de acordo com o pneumologista do CEONC  – Hospital do Câncer, doutor Sérgio Cortez, o cigarro é um fator de risco para câncer nos órgãos que têm contato com os carcinógenos presentes na fumaça do cigarro, que tem cerca de 66 substâncias tóxicas. Sendo assim, para quem fuma, os cânceres de boca, orofaringe, traqueia e de brônquios são os principais, além do pâncreas.
“Não podemos esquecer que esta fumaça terá acesso a todos os nossos órgãos e será captada pelo sangue em nível pulmonar e distribuída para todo o nosso corpo. Por exemplo: o sangue é filtrado pelos rins e é produzida a urina que fica armazenada na bexiga. Então, a bexiga também recebe esse contato, mesmo que indireto”, explica.
Ainda segundo o médico, os dados refletem uma realidade impressionante. Antes do cigarro ser tão difundido na sociedade, os casos de câncer no pulmão não eram frequentes e representavam entre 3 e 4% dos tumores malignos. A partir da década de 20, no entanto, tudo mudou.
“Esse câncer se tornou frequente entre os homens e, depois, nas mulheres, a partir dos anos 70”, complementa.
A culpa é do cigarro!
Dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer) mostram que, no Brasil, 428 pessoas morrem por dia por causa da dependência à nicotina. São R$ 56,9 bilhões perdidos a cada ano devido a despesas médicas e perda de produtividade. São 156.216 mortes anuais que poderiam ser evitadas, se não houvesse o uso do tabaco. Das mortes anuais causadas pelo uso do cigarro, mais de 34 mil correspondem a doenças cardíacas; mais de 31 mil mortes causadas por DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica); mais de 26 mil por outros cânceres; e outras 23.762 por câncer de pulmão. O tabagismo também é responsável por 10 mil mortes por AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Prevenção e acompanhamento
A prevenção desses tipos de câncer se dá, principalmente, com o abandono do tabagismo. Mas mesmo nos casos em que o paciente tem grande dificuldade de se livrar do vício, o médico indica que há uma espécie de monitoramento que pode indicar doenças antes mesmo de elas se tornarem graves.
“As campanhas para parar de fumar são o mais importante. Porém, recentemente, há cerca de 10 a 15 anos, começamos a fazer a tomografia computadorizada de baixa dose, que nos proporcionou um diagnóstico precoce e uma queda de aproximadamente 20% nos índices de mortalidade”, conclui o pneumologista do CEONC, doutor Sérgio Cortez.
O exame de monitoramento é realizado no CEONC de Cascavel/PR e o principal objetivo é que, com os resultados, haja parâmetro para possíveis tratamentos precoces, ajudando o paciente a compreender o seu estágio de saúde. Para o tratamento, existem várias técnicas que vão desde a conscientização dos malefícios do cigarro, consultas, tratamentos com terapia nicotínica e não nicotínica, vareniclina, terapia comportamental, entre outras.