Cotidiano

Cientistas vão repetir famosa expedição de 1893 ao Polo Norte

mosaic.jpgRIO – Ousada e marcante para sua época, a expedição ao Polo Norte iniciada pelo norueguês Fridtjof Nansen em 1893 será retomada por cientistas em 2019, no projeto Mosaic (sigla em inglês para Observatório Multidisciplinar à Deriva para o Estudo do Clima Ártico). Agora, pesquisadores contarão com a avançada tecnologia a seu dispor, incluindo estações de satélites e helicópteros, e se debruçarão sobre um dos temas mais importantes deste século XXI: o aquecimento global.

Nansen partiu em 1893 na tentativa de chegar ao Polo Norte no barco Fram através das correntes naturais do oceano Ártico ? à deriva, o barco seria “carregado” em meio às banquisas, blocos de água do mar congelada e que se quebram facilmente. Porém, após 18 meses à deriva e percebendo que seu objetivo dificilmente se cumpriria, o norueguês decidiu deixar o navio e ir rumo ao Norte caminhando, esquiando e usando trenós.

Info – expedição ÁrticoO aventureiro não conseguiu chegar ao Polo Norte, mas atingiu o ponto mais setentrional até então. A expedição durou até 1896 e revelou ricas descobertas científicas e padrões climáticos.

Agora, o Mosaic promete ser o projeto mais ambicioso em curso no Ártico, com orçamento de mais de ? 50 milhões (cerca de R$ 170 milhões), participação de 50 instituições de 14 países e duração prevista de um ano. A expedição está sendo organizada pelo Comitê Internacional de Ciência do Ártico (IASC, na sigla em inglês).

Assim como fez Nansen, participantes da expedição irão atravessar a calota polar em um barco. Em terra, os cientistas serão protegidos de ursos polares por guardas armados. Entre as grandes questões a serem decifradas, estão o impacto das mudanças climáticas no Ártico ? como por exemplo, uma melhor compreensão do porquê a região está se aquecendo mais rápido do que qualquer outra no planeta.

1024px-Fram_in_ice_1896.jpgCo-líder da missão, Markus Rex, do Instituto Alfred Wegener, na Alemanha, apontou um breve cronograma da expedição:

? O plano é viajar no verão de 2019, quando o gelo marinho é fino e sua extensão é muito menor. Nós podemos fazer o nosso caminho com o nosso navio quebra-gelo Polarstern através do gelo marinho fino até o setor siberiano do Ártico. A partir daí, nos desligamos os motores e deixamos o Polarstern navegar naturalmente com o gelo do mar.

Fridtjof-nansen-Foto-L.-Szacinski.jpgOs cientistas trabalharão não só no Polarstern, mas também em estações de pesquisa em terra e voos com pequenos aviões e helicópteros ? um avanço diante das difíceis condições de estudo na região, o que agrava a compreensão sobre suas particularidades.

? Existem muitos processos realmente de pequena escala no Ártico que afetam o clima em nível regional e global que não conseguimos observar a partir de um satélite ? aponta Rex.