Cotidiano

Cientistas querem mapear todas as células do corpo humano

LONDRES ? Cientistas ingleses e americanos lançaram uma iniciativa mundial, nesta sexta-feira, para mapear e descrever cada célula do corpo humano num atlas que pode transformar o entendimento de pesquisadores sobre o desenvolvimento do homem e de doenças, informou a agência de notícias Reuters. O atlas, que deve levar mais de uma década para ficar pronto, tem como objetivo catalogar os tipos e as funções de cada célula humana em todos os órgãos e tecidos do corpo e construir um mapa de referência do organismo saudável, disseram os cientistas.

As células são fundamentais para entender a biologia de todas as doenças e da vida saudável, mas os cientistas ainda não sabem dizer quantas compõe o corpo humano, quantos tipos diferentes existem ou como elas se diferenciam de um órgão para o outro, explicou um dos líderes do projeto.

?A iniciativa do atlas de células humanas é o começo de uma nova era para a compreensão celular. Nós vamos descobrir novos tipos de células, como elas mudam com o passar do tempo, durante o crescimento e o aparecimento de doenças, e ganhar um entendimento melhor da biologia?, disse Sarah Teichmann, chefe do departamento de genética celular do Instituto Sanger, na Grã-Bretanha.

O projeto está sendo liderado atualmente por um time do Instituto Broad, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) e pela universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e pelo Instituto Sanger e pela ONG Wellcome Trust, na Grã-Bretanha. O plano é que times de pesquisa e financiadores do mundo inteiro possam colaborar.

Ao criar o atlas, essencialmente uma vasta base de dados de detalhes celulares, que ficará disponível gratuitamente para cientistas de todo o mundo, os criadores do projeto esperam transformar a forma de pesquisar o desenvolvimento humano e a progressão de doenças como asma, Alzheimer e câncer.

O corpo humano é composto por trilhões de células, as unidades fundamentais da vida, que se dividem, crescem e assumem funções distintas no embrião, eventualmente se transformando em diferentes tipos de célula, como as da pele, os neurônios ou as de gordura.

Até recentemente, o conhecimento específico sobre as células era limitado ao que pode ser descoberto analisando-as em microscópios, ou analisando geneticamente aglomerados de centenas ou milhares de células e descobrindo suas funções gerais.

Porém, avanços tecnológicos no estudo genômico de uma única célula permitiram que pesquisadores possam agora separar células individuais de diferentes tecidos e órgãos, analisar suas propriedades, medir e descrever que moléculas são produzidas em cada uma.

?Nós agora temos ferramentas para entender do que somos feitos, o que nos permite aprender como nossos corpos funcionam, e descobrir como todos esses elementos passam a funcionar de forma errada quando adoecemos. Acreditamos que a descrição bem sucedida de todas as células de um corpo humano saudável irá impactar quase todos os aspectos da biologia e da medicina nas próximas décadas ?, disse Aviv Regev, do Instituto Broad, que está trabalhando na iniciativa.