Cotidiano

Cientistas avançam em possível terapia contra o zika

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RIO – Pesquisadores da Cingapura e dos Estados Unidos avançaram na compreensão dos mecanismos de um potencial candidato para uma terapia contra o vírus zika, o anticorpo C10, já conhecido por reagir contra o vírus da dengue. Os resultados do estudo, que chegou ao nível microscópico das células, foi apresentado por equipes da Duke University, University of North Carolina e National University of Singapore, nesta quinta-feira, no periódico ?Nature Communications?.

O C10 já havia sido identificado como um dos anticorpos mais potentes para neutralizar a infecção causada pelo zika. Mas agora, usando um método chamado microscopia crioeletrônica, o cientistas conseguiram visualizar as interações do anticorpo com o vírus.

Ao infectar uma célula, as partículas dos vírus normalmente seguem dois passos: o encaixe e a fusão. No primeiro passo, as partículas identificam partes específicas da célula às quais irá se acoplar. No caso da ação do zika, este processo atinge o endossomo. A partir daí, as proteínas do vírus passam por mudanças estruturais a ponto de contaminar a membrana do endossomo, levando o genoma do vírus para dentro da célula ? e, assim, completando o processo de infecção.

Com a microscopia crioeletrônica, que permite a visualização de interações de particulas muito pequenas, os pesquisadores observaram o C10 interagindo com o zika em diferentes pHs, de forma a perceber o processo de infecção em diferentes ambientes. Os cientistas mostraram que o C10 se liga à principal proteína do revestimento do vírus, independente do pH, ?trancando? as mudanças estruturais que levam ao passo da fusão. Sem que este passo ocorra, o DNA do vírus é impedido de entrar na célula, e a infecção é interompida.

? Temos a esperança que estes resultados acelerem o desenvolvimento do C10 como uma terapia para o zika, combatendo seus efeitos como a microcefalia e a síndrome de Guillain-Barré. Isto deve enfatizar a necessidade de mais estudos sobre os efeitos do C10 em infecções por zika em modelos animais ? comentou uma das líderes da equipe, a professora Lok Shee-Mei.

Além disso, no caso da infecção com zika, o processo de neutralização da fusão pode ser mais eficiente do que terapias que buscam impedir o encaixe. Isto porque a fase da fusão é especialmente crítica na infecção com o vírus trabalhado, e este pode também desenvolver outros mecanismos para superar impedimentos ao encaixe.