Política

Cida: “Sou ficha limpa e continuarei na vida pública”

Com um mandato relâmpago de menos de nove meses, a governadora Cida Borghetti (PP) surpreendeu a todos pela sua disposição. Da posse em 6 de abril até essa última sexta-feira (28), Cida literalmente não parou. Ela atendeu praticamente todos os prefeitos do Paraná, desengavetou projetos parados durante anos, firmou convênios em diversas áreas, dialogou, comprou briga com as concessionárias de pedágio, criou programas, mudou sistemas, enfim, estabeleceu um novo perfil ao governo do Paraná.

Nas eleições de outubro, ficou em segundo lugar com 831.361 votos, equivalentes a 15,53% do total de votos válidos. Mas nem por isso ela reduziu o ritmo, ou tirou folga, ou saiu de cena. Cida encerra o mandato com a promessa de que continua na vida pública. Confira entrevista concedida especialmente ao Jornal O Paraná.

 

O Paraná – Como a senhora resume seus nove meses como governadora?

Cida Borghetti – Foi um período de trabalho intenso e muito gratificante porque conseguimos fazer uma gestão realizadora, com um resultado extraordinário. Institui um gabinete de portas abertas, nos pautamos por metas, trabalhando de domingo a domingo muitas vezes até tarde da noite. Adotamos o diálogo franco com todos os setores da sociedade e substituímos o talvez pelo sim e pelo não. A tudo aquilo que o Estado pode e deve fazer, nós dissemos sim, desatamos nós e fizemos. Ao que o Estado não pode e não deve fazer, dissemos não. Isso se chama resolutividade. Uma gestão que resolve, não adia. Nesses quase nove meses liberamos R$ 8,7 bilhões para investimentos nas mais diversas áreas e atendemos a todos os 399 municípios do Paraná, sem distinção partidária. Esse valor equivale a um terço de tudo o que o Estado investiu em pouco mais de três anos.

 

O Paraná – Qual sua maior conquista nesse período à frente do Estado?

Cida Borghetti – Me orgulha ter sido a primeira mulher a governar o Paraná e ter representado o universo feminino nesse posto tão importante. Acho que todos os avanços que implementamos são importantes legados aos paranaenses. A Divisão de Combate à Corrupção com total autonomia e estruturas no interior, o condomínio do idoso da Cohapar, o Governo Digital e seus mais de 3 mil serviços para facilitar a vida do cidadão, a desapropriação das áreas do futuro Aeroporto Regional do Oeste, a transformação de carros administrativos em Patrulhas Maria da Penha, a mudança de postura em relação ao pedágio, com a não renovação dos contratos e o início da construção de um novo modelo. Também temos grandes obras acontecendo ou que já têm recursos assegurados. Poderia falar do asfalto que estamos levando para Mato Rico ou Coronel Domingos Soares, duas cidades que ainda só têm acesso por estrada de terra. Assim como poderia falar sobre o reajuste aos salários das merendeiras das escolas, do apoio financeiro para melhorar o atendimento de 300 hospitais. Mas posso resumir tudo num conceito que marca o nosso governo: cuidar das pessoas.

 

O Paraná – O que gostaria de ter feito e não foi possível?

Cida Borghetti – O Estado nunca está pronto. O Estado está em constante construção. Os governos que se sucedem vão dando as contribuições possíveis, cada um ao seu tempo. Me orgulho do muito que fizemos, e fizemos muito. Avançamos em todas as áreas com parcerias com todos os prefeitos. Obras e ações que geram empregos, renda e, acima de tudo, melhoram a vida de quem mais precisa.

 

O Paraná – Na sua opinião, qual deveria ser a prioridade do próximo governador?

Cida Borghetti – Seria indelicado pautar o próximo governador. Ele construiu um projeto de governo que o levou a essa condição. Porém, acredito que algumas ações que fizemos vieram para ficar, como a Divisão de Combate à Corrupção, a integração das forças de segurança e o controle rígido da situação fiscal e das finanças. Tenho a confiança de que o governador eleito fará uma boa gestão e sempre estarei à disposição do Estado do Paraná.

 

O Paraná – Pela sua experiência, qual será a maior dificuldade/desafio do próximo governador?

Cida Borghetti – O gestor público hoje tem como grande desafio manter o equilíbrio das contas públicas e, ao mesmo tempo, oferecer serviços de qualidade à população. Fiz um governo austero, que deixa em caixa R$ 5 bilhões para o próximo governador, e mesmo assim ampliamos diversos serviços públicos e promovemos obras em todo o Paraná.

 

O Paraná – A senhora planeja continuar na vida pública?

Cida Borghetti – Aprendi a gostar da política muito nova, com meus pais. Aprendi em casa a boa política com o ensinamento do meu pai, seu Ivo Borghetti, um getulista de carteririnha: “Se você está descontente com algo, não reclame, vá e faça melhor”. Fui militante na juventude. Como deputada estadual fui recordista na aprovação de leis. Como deputada federal, tive a honra de ser presidente da comissão que aprovou o marco legal da primeira infância, a lei mais avançada na proteção às crianças. Sou ficha limpa, nunca decepcionei meus pais e não decepcionarei meus eleitores. Continuarei na vida pública porque entendo que os problemas que afetam o nosso País serão resolvidos com atitudes no campo político.

 

O Paraná – Se fosse para decidir hoje, a senhora disputaria novamente o governo do Estado?

Cida Borghetti – Sem dúvida! O que me anima a disputar cargos públicos é a possibilidade de contribuir com o desenvolvimento do nosso Estado e levar melhor qualidade de vida para os paranaenses. Eu gosto de cuidar das pessoas.

 

O Paraná – Qual seu conselho para o próximo governador?

Cida Borghetti – Que ele siga sendo a pessoa autêntica, de cabeça aberta e dinâmica que conheci desde seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa, depois fomos deputados federais juntos e companheiros no governo do Estado. Governar o Paraná é uma missão gratificante e recompensadora.

 

O Paraná – Como mãe, mulher e governadora, qual sua mensagem para o povo paranaense?

Cida Borghetti – Primeiro, uma mensagem de agradecimento pela generosidade das pessoas. Por onde passei fui recebida com gentileza e simpatia e isso ficará marcado no meu coração. Em segundo lugar, de esperança. Vivemos tempos difíceis, mas haverá melhora se todos nos empenharmos e nos unirmos em torno de um novo modelo de viver em sociedade, de atuar coletivamente em favor do próximo. Muitas das mudanças que cobramos do outro precisam ser adotadas por nós mesmos. Isso é possível, basta ter vontade de mudar. Por fim, desejo um ano novo cheio de saúde e de muitas alegrias a todos os paranaenses.