Cotidiano

Christopher Marlowe vai receber crédito de coautor por peças de Shakespeare

shakespeare.jpgLONDRES ? Uma equipe internacional formada por 23 acadêmicos decidiu que a intervenção de Christopher Marlowe nas obras de William Shakespeare foi grande o sucifiente para que ele ganhe crédito de coautoria nas edições futuras das famosas peças.

O nome do escritor aparecerá ao lado do bardo nas novas edições das três partes de “Henrique VI” a serem publicadas pelo selo New Oxford Shakespeare, da editora da Universidade de Oxford, ainda este mês.

A autoria de Shakespeare tem sido amplamente debatida no meio acadêmico. Porém, a teoria de que Marlowe seria um pseudônimo do autor já foi desacreditada. Uma nova pesquisa, que envolve análise textual tradicional e uso de ferramentas automatizadas para examinar as obras, descobriu que ele contribuiu mais para as peças do que se pensava anteriormente.

Acredita-se que pelo menos 17 peças de Shakespeare tenham sido criadas em parceria com outros autores, mais do dobro do que se cogitava na edição anterior da New Oxford Shakespeare, publicada 30 anos atrás.

O time de acadêmicos que comanda a pesquisa, oriundos de cinco países, foi conduzido por Gaty Taylor (da Universidade do Estado da Flórida, nos Estados Unidos), John Jowett (do Instituto Shakespeare, da Universidade de Birmingham, na Inglaterra), Terri Bourus (da Universidade de Indiana, nos EUA) e Gabriel Egan (da Universidade Montfort, em Leicester, na Inglaterra).

“A versão ortodoxa era de que Shakespeare não tinha colaboradores”, disse Taylor ao jornal inglês “The Guardian”. “Quando a Oxford Shakespeare surgeriu, em 1986, que oito peças de Shakespeare continham trechos de outros escritores, algumas pessoas ficaram indignadas”.

“O que aconteceu desde 1986 é que o acúmulo de novas bolsas de estudo, novas tecnologias e recursos deixou claro que, na verdade, nós subestimamos a quantidade do trabalho de Shakespeare que foi colaborativo”.

“Em 1986, oito de 39 peças foram identificadas como tendo sido fruto de colaboração, cerca de 20% de sua obra. Em 2016, 17 de 44 peças foram identificadas, um poucos mais de 38%, quase dois quintos”.

“Nós fomos capazes de verificar a presença de Marlowe nessas três peças de forma forte e clara”, acrescentou Taylor.