Cotidiano

China pede união Ásia-Pacífico em acordos de livre comércio

2016 952585720-201611191433172312_AFP.jpg_20161119.jpgLIMA – O presidente da China, Xi Jinping, pediu neste sábado aos líderes de Ásia e Pacífico que se unam aos acordos de livre comércio lançados por Pequim já que a vitória de Donald Trump ?feriu de morte? o Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (TPP, na sigla em inglês) respaldado pelos Estados Unidos.

? A construção de uma área de livre comércio da Ásia e do Pacífico é uma iniciativa estratégica fundamental para a prosperidade da região no longo prazo ? disse Xi em um discurso para líderes empresariais durante a cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, que está sendo realizado em Lima, no Peru.

A inesperada vitória de Trump plantou incertezas quanto o futuro do arduamente negociado TPP, assinado por 12 membros e dirigido pelos EUA, país chave no comércio na área do Pacífico.

O presidente americano Barack Obama tomou o TPP como forma de conter o crescimento Chinês, mas sua administração deixou de brigar pela aprovação do Congresso para o acordo, que foi assinado por 12 economias das Américas e da região da Ásia-Pacífico, excluindo a China. Sem o aval dos EUA, o acordo, da forma como foi negociado, não pode ser implementado.

Trump empreendeu uma campanha contra o TPP, classificando-o como um ?péssimo negócio? que ameaça os Estados Unidos, levando os empregos para os países com mão de obra mais barata. Ele fez fortes críticas aos acordos de livre-comércio do país, prometendo tirar a maior economia do mundo do TPP, além de impor tarifas a importações de China e México.

Em uma área necessitada de comércio, essa situação fez com que antigos aliados dos EUA, como Austrália e Japão, se voltem para a China para preencher essa lacuna.

A China, que foi excluída do TPP, está propondo duas alternativas: uma seria a Área de Livre Comércio de Ásia-Pacífico (FTAAP, na sigla em inglês), com 21 membros da Apec (que reúne as economias da região), e a Associação Econômica Integral Regional (RCEP, na sigla em inglês), com 16 integrantes, incluindo a Índia, mas não os EUA.

Xi pediu aos líderes regionais para avançarem nas duas propostas, em meio às incertezas após a vitória de Trump:

? Devemos prosseguir com firmeza com o FTAAP. A abertura é vital para a prosperidade da região Ásia-Pacífico.

Em meio à retórica protecionista de Trump, a China garantiu que ?não fechará a porta ao mundo exterior. Ao contrário, vai abri-la ainda mais?.

? Vamos participar plenamente da globalização econômica, apoiando o comércio multilateral, avançando no FTAAP e trabalhando pela rápida conclusão da Associação Econômica Integral Regional ? disse o presidente chinês.

Com as incertezas quanto a implementação do TPP, a posição da China em defesa do RCEP é vista como único caminho viável par ampliar a área de livre comércio da Ásia e do Pacífico (FTAAP) como a Apec deseja.

O governo de Obama alertou para o fato de que o RCEP não incluiria proteção para os trabalhadores, o meio ambiente ou a propriedade intelectual.

A reunião da Apec, que representa quase 40% da população do mundo e 60% da economia global, constitui ainda a última viagem ao exterior de Obama como presidente dos EUA, já que ele passa o cargo para Trump em 20 de janeiro.

Apesar da posição da China, alguns membros da Apec estão determinados a persistir no TPP, mantendo a esperança de que os Estados Unidos poderiam demonstrar liderança no comércio.