PEQUIM ? O governo chinês culpou Taiwan pela conversa pelo telefone entre o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e a presidente da ilha autônoma, Tsai Ing-wen, de sexta-feira ? e a classificou como uma ação insignificante, que não deverá mudar as relações entre Pequim e Washington. Na véspera, o republicano quebrou um protocolo de décadas da política diplomática americana ao conversar com Tsai, correndo o risco de provocar uma séria polêmica com a China. Em reação à revelação do telefonema, a Casa Branca disse não ter sido avisada e que “reitera a política de uma China só”.
A China considera a autônoma Taiwan como parte de seu próprio território à espera de reunificação, quando ficaria subordinada a Pequim, e qualquer iniciativa americana que possa indicar apoio à independência representaria uma grande ofensa.
? Isto é apenas Taiwan se envolvendo em uma ação insignificante e não pode mudar a estrutura de “uma China só” já formada pela comunidade internacional ? disse o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, evitando o que poderia ter sido uma grande ruptura com Washington pouco antes de Trump assumir a Presidência. ? Eu acredito que isso não mudará a antiga política de “uma China só” do governo dos EUA.
No mesmo evento, Wang disse que Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, haviam conversado brevemente pelo telefone após a vitória do magnata nas eleições americanas. Na conversa, disse, Trump chamou a China de um grande país. E, ainda, afirmou que a China havia apresentado um protesto aos EUA, pedindo que o governo americano seja cauteloso com a questão de Taiwan para evitar tensões desnecessárias.
Não estava claro que lado tomou a iniciativa do telefonema, um dos muitos que Trump tem trocado com líderes mundiais desde que venceu as eleições americanas, mas o presidente eleito escreveu em seu Twitter que foi ele quem recebeu a ligação de Taiwan. Ainda fica indefinido, no entanto, se haverá mudança na política externa da Casa Branca quando Trump assumir o governo.
“A presidente de Taiwan ME LIGOU hoje para me desejar os parabéns por vencer a Presidência. Obrigado!”, escreveu.
Já o porta-voz de Tsai, Alex Huang, disse que ambas as partes haviam previamente combinado um horário para a conversa por telefone. E o corpo político de Taiwan na China disse que Pequim deveria reagir calmamente à ligação.
O jornal estatal chinês “Global Times” disse em um editorial que, se Trump realmente derrubasse o princípio de uma China só ao assumir o governo, criaria uma grande crise com a China.
“Acreditamos que isso não é algo que o esperto Trump quer fazer”, disse o jornal.
Já a agência estatal de notícias de Pequim, Xinhua, disse que Trump precisava saber que Pequim pode ser um parceiro de cooperação apenas se Washington respeitar os interesses principais chineses, incluindo a questão de Taiwan.
