Cotidiano

China adverte novos deputados de Hong Kong a não falar em independência

2016_936547571-201609050246057193_AP.jpg_20160905_-2-.jpg PEQUIM ? A China advertiu nesta terça-feira aos novos deputados de Hong Kong que não façam campanha pela ruptura com Pequim. A declaração veio após jovens pró-independência terem conquistado assentos no Parlamento da ex-colônia britânica com a vitória nas urnas. Com índice recorde de participação, esta foi a primeira eleição desde as manifestações pela democracia de 2014, que não resultaram em nenhuma concessão de Pequim em termos de reformas políticas.

Em um comunicado, Pequim adverte que não vai tolerar que se fale de independência dentro e fora do Conselho Legislativo. A agência estatal Xinhua acusa alguns candidatos de utilizarem a votação como plataforma para promover abertamente a independência, , o que é contrário às Constituições da China e de Hong Kong.

“Nos opomos com veemência a qualquer atividade que faça referência à independência de Hong Kong sob qualquer forma, dentro ou fora do Conselho Legislativo, e damos nosso firme apoio ao governo de Hong Kong para que imponha sanções de acordo com a lei”, destacou a agência, que citou um porta-voz do gabinete de assuntos de Hong Kong e Macau do governo chinês.

O resultado que deu 30 dos 70 assentos no Conselho ao campo pró-democracia ? um aumento de três cadeiras ? ocorreu num momento em que cresce em Hong Kong a sensação de que a China está endurecendo o controle em temas políticos e culturais. Ao todo, seis independentistas foram eleitos, e somando-se todos os candidatos ? inclusive os derrotados ? o campo anti-Pequim conseguiu 20% dos votos.

? Isto é absolutamente inesperado, ninguém imaginava que acontecesse. Acredito que os verdadeiros cidadãos de Hong Kong queriam uma mudança ? disse Law, o segundo mais votado em sua circunscrição, com 50 mil votos, atrás de um candidato favorável a Pequim. ? Os jovens têm um senso de urgência sobre o futuro.

O seu movimento, Demosisto, exige a realização de um referendo sobre a independência do território, antiga colônia britânica entregue em 1997 à China sob o princípio ?um país, dois sistemas? ? com a promessa de manutenção do sistema capitalista e da autonomia local por 50 anos.

? Temos que estar unidos contra o Partido Comunista (Chinês) ? apontou Law.

Além dele, pelo menos outros quatro jovens que defendem o rompimento com Pequim conseguiram vagas no Conselho Legislativo. Entre eles, a candidata do Youngspiration, Yau Wai-Ching ? de 25 anos, que defende o direito de Hong Kong de ?falar de soberania? ? e Sixtus ?Baggio? Leung, 30 anos, do mesmo partido, eleito com um discurso cheio de alusões à independência. Cheng Chung-tai, 33 anos, do Civic Passion também se elegeu.

? Os eleitores quiseram enviar uma mensagem forte a Pequim ? avaliou o analista político Willy Lam. ? E Pequim não deve estar nada contente com o resultado. É muito possível que o utilize como pretexto para atar ainda mais Hong Kong.

Alguns analistas antecipavam que a entrada em cena dessa nova geração poderia acabar por reforçar ? e também endurecer ? partidários de uma forte ligação com Pequim, enfraquecendo a oposição tradicional que não se enxerga nas exigências dos jovens ativistas.