Cotidiano

Chefes de bancos centrais de Europa, EUA e Japão pedem ajuda a governos

2016 916721547-2016 916570894-201606151552376240_RTS.jpg_20160615.jpg_201606.jpgJACKSON HOLE, EUA – Os presidentes de bancos centrais que representam boa parte da economia mundial examinaram a fundo os mercados financeiros e as taxas de juros em vigor durante uma conferência de três dias realizada nos Estados Unidos e encerraram o encontro com um pedido unificado a seus governantes: ?por favor, ajudem-nos?.

Confrontados com um mundo de baixos crescimento econômico, taxa de juros e inflação, funcionários do Federal Reserve, o banco central americano, do Banco Central do Japão e do Banco Central Europeu (BCE) afirmaram que seus esforços para aquecer a economia por meio de política monetária são inúteis, a menos que os chefes de estado tomem medidas mais eficientes.

Essas ações vão desde prioridades como uma reforma imigratória no Japão a mudanças estruturais para aumentar a produtividade e o crescimento nos EUA e na Europa.

Sem reformas, sustentaram eles, será complicado convencer os mercados e os contribuintes de que as coisas vão melhorar e impossível promover a mudança de percepção que, segundo diversos economistas, é necessária para sustentar o desempenho da atividade econômica em todo o mundo.

Durante a sessão deste sábado na conferência realizada em Jackson Hole, Wyoming, a queda das previsões de inflação e outros aspectos da economia foram mencionados como problemas cruciais e que complicam o trabalho dos bancos centrais focados em cumprir suas metas e reavivar as perspectivas de Japão e Europa.

Um membro chave do Conselho Executivo do BCE, Benoit Coeure, disse que o banco estava trabalhando duro para evitar que as expectativas públicas sobre a inflação fiquem estagnadas “do lado errado”, nem muito altas nem muito baixas. Mas o lento ritmo das reformas entre os governos europeus estava prejudicando a estratégia, comentou.

? O que vemos desde 2007 são reformas estruturais feitas pela metade. Isso não ajuda a dar respaldo às estimativas de inflação. Ajudou, ao contrário, a resolver as expectativas deflacionárias ? declarou ele.

O presidente do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, disse manter conversas regulares com o primeiro-ministro Shinzo Abe sobre a abertura do país a mais imigração e sobre outras mudanças políticas sensíveis para melhorar o potencial do crescimento, atualmente estimado em apenas 1% ao ano.

A presidente do FED, Janet Yellen, dedicou a última página de seu esperado discurso desta sexta-feira sobre política monetária à lista de reformas fiscais e estruturais que, em sua opinião, ajudariam a economia global.

A política fiscal não fez parte da agenda formal da conferência, mas se tornou assunto frequentemente abordado pelas autoridades, que discutiram estratégias para melhorar o desempenho econômico do mundo pós-crise.

Uma das maiores preocupações recai sobre o fato de que as famílias e as empresas se tornaram tão cautelosas em suas perspectivas, ao esperarem pouco crescimento e baixa inflação, que já não respondem da forma desejada às estratégias dos bancos centrais.