Cotidiano

Chavismo pede ilegalização da coalizão opositora na Venezuela

CARACAS ? Nesta terça-feira, o prefeito de Caracas, Jorge Rodríguez, pediu que o órgão eleitoral venezuelano ilegalize a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD). O dirigente chavista acusou a oposição de fraude na coleta de assinaturas em favor de um referendo revogatório que poderia encurtar o mandato de Nicolás Maduro. Rodríguez é o representante delegado por Maduro para monitorar o processo para a convocação da consulta popular.

? Viemos pedir o cancelamento da inscrição do chamado partido político Mesa de Unidade Democrática (MUD), por estar envolvido na maior fraude eleitoral que já conheceu a História deste país ? disse Rodríguez a jornalistas.

O prefeito voltou a afirmar que foram invalidadas mais de 300 mil assinaturas recolhidas pela oposição ? que trabalha numa intensa campanha pela saída de Maduro do Palácio de Miraflores. Outras 50 mil foram alvo de irregularidades muito graves, segundo Rodríguez.

A oposição espera que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) confirme ainda hoje que se obteve as 200.000 rubricas que ativam o referendo, abrindo caminho para a segunda etapa: a coleta das quatro milhões de assinaturas necessárias para, finalmente, convocar a consulta.

? O que o país espera é o anúncio de quando se vai coletar os 20% (quatro milhões) para dar início ao referendo ? disse o porta-voz da Mesa da Unidade Democrática (MUD), Jesús Torrealba, ao pedir que o CNE não obstrua as saídas eleitorais para a crise política, social e econômica que atinge a Venezuela.

Em uma enérgica resposta à oposição, o número dois do chavismo, o deputado Diosdado Cabello, reiterou na tarde desta terça-feira: “Não há maneira de haver revogatório, não há”.

? Em 2016 não haverá revogatório, não haverá; em 2017, no passo em que vamos, tampouco terá revogatório na Venezuela ? advertiu Cabello, diante de milhares de seguidores, em um ato público na cidade de Valera.

Para que a consulta aconteça este ano, a oposição deve conseguir que o CNE estabeleça para breve a data de início de coleta de assinaturas. Nesta quarta, como medida de pressão, o movimento fará uma manifestação diante da sede do organismo em Caracas e em todo o país.

Nesta segunda fase, a MUD terá três dias para recolher as assinaturas. Depois disso, o CNE terá 15 dias úteis para contabilizá-las e mais três meses para organizar a consulta.

A MUD ? que acusa o CNE de servir ao chavismo ? quer que o referendo seja realizado antes de 10 de janeiro de 2017. Neste caso, se Maduro perder, haverá eleições. Se for realizado depois dessa data, o mandato que termina em 10 de janeiro de 2019 será completado pelo vice-presidente.

O chavismo assegura que a MUD iniciou os trâmites muito tarde e ainda deve enfrentar um processo por fraude na coleta das assinaturas e mais de 8 mil recursos interpostos na Justiça e no Ministério Público, acusados pela oposição de serem aliados do governo.