Cotidiano

?Charlie Hebdo? satiriza terremoto na Itália e enfurece italianos

Charlie-Hebdo-2-640x480.jpgROMA ? A revista francesa ?Charlie Hebdo?, conhecida pelas capas controversas e pelo atentado de extremistas islâmicos que matou dez de seus funcionários em 2015, voltou a causar indignação. Em charge divulgada nesta sexta-feira, a publicação compara vítimas do terremoto que matou quase 300 pessoas na Itália a diferentes tipos de macarrão.

O desenho chamado de ?Terremoto à italiana? traz um homem coberto de sangue, identificado como ?penne ao molho de tomate?; uma mulher com o rosto machucado é chamada de ?penne gratinado?; e uma pilha de mortos massacrados por um prédio formariam uma ?lasanha?.

A cidade de Amatrice, afetada pelo tremor, é nomeada em homenagem ao molho para massas ?amatriciana?, criado na região.

Sergio Pirozzi, prefeito de Amatrice ? cidade onde foi criado o molho à matriciana e que foi duramente afetada pelo tremor ? ficou perplexo com o teor da charge.

? Estou certo de que essa sátira desagradável e constrangedora não reflete o sentimento francês ? disse o governante, de acordo com a agência estatal Ansa ? Como se pode fazer uma sátira sobre os mortos? A sátira é sátira quando faz rir, e aqui me parece que não há nada do que rir, tendo em vista que está cheio de mortos.

?NÃO SOU MAIS CHARLIE?

A embaixada francesa em Roma publicou uma declaração dizendo que o desenho ?absolutamente não representa? a posição do país, e que é uma ?caricatura feita pela imprensa e por jornalistas que expressam suas opiniões livremente?. O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, não comentou o caso.

A equipe do ?Charlie Hebdo? respondeu à controvérsia publicando outra charge, onde uma mulher ferida diz, em meio a destroços: ?Não foi o Charlie Hebdo que construiu suas casas, foi a máfia!?. O desenho faz referência ao crime organizado no país, que por muito tempo dominou as grandes construtoras.

Internautas italianos repudiaram a charge, classificando-a de ?terrível?, ?de mau gosto? e ?desrespeitosa?. Muitos reproduziram a frase ?Não sou mais Charlie Hebdo?, modificando a máxima de apoio às vítimas do ataque que matou 12 pessoas na redação da revista. Além dos jornalistas e chargistas da publicação, morreram um policial, um agente e um funcionário da Sodexo, que trabalhava no mesmo prédio. O atentado foi uma retaliação pela representação do profeta Maomé.